Um grupo de especialistas em direitos humanos da ONU pediu ao Vaticano que tome medidas para frear os casos de abuso sexual de menores nas instituições católicas e evitar que voltem a acontecer. Uma carta oficializando a demanda foi enviada ao papa Francisco.
Os especialistas pediram, em um comunicado, que a “Santa Sé tome todas medidas para frear e prevenir a repetição de violência e de abusos sexuais contra menores nas instituições católicas e assegurar que os responsáveis responderão pelos crimes e as vítimas serão indenizadas”.
Os quatro especialistas, que não falam em nome das Nações Unidas mas que relatam suas descobertas à organização, escreveram ao Vaticano em abril.
Segundo a carta divulgada hoje, eles expressaram sua “grande preocupação a respeito das várias denúncias em todo o mundo de abuso e violência sexuais cometidos por membros da Igreja Católica contra crianças”.
Eles mencionam suspeitas de abusos e agressões na Alemanha, Argentina, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, França e México.
Também afirmaram que estão preocupados com as medidas adotadas pela Igreja para “proteger os supostos agressores, ocultar crimes, obstruir a prestação de contas dos supostos agressores e evitar as indenizações correspondentes às vítimas”.
Os signatários denunciam o que qualificam de um “lobby exercido pelos membros da Igreja” para que os casos não sejam julgados.
Os especialistas fizeram um apelo ao Vaticano para cooperar de maneira completa com a polícia e a justiça dos países envolvidos, além de evitar a assinatura de acordos para evitar a prestação de contas dos membros da igreja acusados de abuso.
Eles destacaram persistentes alegações de obstrução e falta de cooperação com os procedimentos legais.
Segundo os especialistas, outra carta com o mesmo tipo de alerta já foi enviada em abril de 2019. Na época, os signatários citaram casos registrados na Austrália, Estados Unidos, Polônia, Irlanda e Holanda.
“Exprimimos nossa preocupação diante da ausência de resposta”, reiteraram.
O único aspecto positivo mencionado é a instauração de novas regras no Vaticano para abolir o segredo dos pontífices em caso de abusos sexuais, facilitando as denúncias. A medida foi elogiada.
No entanto, os especialistas criticam o fato de que os membros da Igreja que tomam conhecimento desses crimes não são obrigados a denunciá-los às autoridades civis.
Fonte: UOL com informações da AFP