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“Você receberá um chip. É só uma questão de tempo”. Essa foi a constatação de um jornalista americano após pesquisar e preparar uma extensa reportagem sobre o uso de microchips no ambiente corporativo.

Depois que uma empresa do estado norte-americano de Wisconsin decidiu implantar microchips em seus funcionários para abandonar crachás e códigos de acesso, a internet entrou em um debate total. Lideranças religiosas e fiéis ficaram tão chocados que passaram a protestar de forma incisiva contra a empresa.

De acordo com o jornalista Jefferson Graham, do portal USA Today, outros setores da sociedade quiseram saber mais sobre a iniciativa, mostrando uma dicotomia em relação ao assunto. “Isso acontecerá com todos”, diz Noelle Chesley, 49 anos, professora associada de sociologia da Universidade de Wisconsin-Milwaukee. “Mas não este ano, e não em 2018. Talvez não seja minha geração, mas certamente a dos meus filhos”, acrescentou.

Gene Munster, investidor e analista da Loup Ventures, é um defensor da realidade aumentada, da realidade virtual e de outras novas tecnologias. Ele acha que chips embutidos em corpos humanos estão a 50 anos de distância. “Em 10 anos, o Facebook, o Google, a Apple e a Tesla não terão seus empregados quebrados. Você verá algumas pessoas adeptas de tecnologia avançada adotando, mas não grandes empresas”.

A ideia de implantar um chip também tem “muita conotação negativa” hoje, mas em 2067 “teremos sido dessensibilizados pelo estigma social”, diz Munster.

Por enquanto, a empresa que obrigou os funcionários a usarem o chip não mostrou maiores utilidades para a ferramenta. Munster diz que foi um “golpe de marketing” para chamar a atenção para o seu produto, com manchetes em todo o mundo. A empresa, que vende quiosques de cafeteria corporativos projetados para substituir máquinas de venda automática, gostaria que os quiosques fizesse as transações sem dinheiro.

Isso iria além do pagamento com seu smartphone. Em vez disso, os clientes com o chip implantado simplesmente agitariam suas mãos em vez de usar aplicativos. Os idealizadores esperam que, no futuro, as pessoas façam check-in no aeroporto sem passaportes; liguem carros, destranquem portas ou desativem alarmes, tudo com o chip.

Os defensores da tecnologia frisam que o chip não é um rastreador de GPS. No entanto, os analistas acreditam que esses implantes acompanharão todos os nossos movimentos.

“Depois de anos como uma subcultura, ‘a hora é agora’ para que os chips sejam mais utilizados”, diz Amal Graafstra, fundador de uma empresa ligada à tecnologia. “Nós vamos começar a ver implantes de microchips obtendo o mesmo domínio de aceitação que piercings e tatuagens tê hoje”, acrescentou.

“Isso se tornará parte de você da maneira que um celular é”, diz Graafstra. “Você nunca pode esquecer, e você não pode perdê-lo. E você tem a capacidade de se comunicar com as máquinas da maneira que você não poderia antes”, disse, aprovando o desenvolvimento.

Mas diante da nova onda de debates sobre o assunto, qual seria o próximo passo? Os especialistas afirmam que os consumidores aderirão aos chips antes que as empresas os peçam.

Chesley diz que as empresas são mais lentas para responder a mudanças maciças e que haverá uma questão de idade. Os funcionários mais jovens estarão mais abertos a isso, enquanto os trabalhadores mais velhos se negarão.

“A maioria dos empregadores que têm força de trabalho intergeracional pode avançar gradualmente. Não consigo imaginar pessoas com idade mais avançada entusiasmadas sobre ter dispositivos implantados em seus corpos”, ponderou.

Adiciona Alec Levenson, pesquisadora do Centro de Organizações Efetivas da Universidade do Sul da Califórnia, diz que “a grande maioria das pessoas não apoiará isso”, o que pode levar a uma espécie de discriminação no trabalho.

“É com isso que estamos preocupados”, diz Bryan Allen, chefe de gabinete da deputada estadual Tina Davis (D), que está apresentando um projeto de lei na Pensilvânia para proibir a incorporação obrigatória de chips. “Se houver fiscalização, impediremos que um empregador diga ‘ou você faz isso, ou você não pode mais trabalhar aqui’”, comentou.

Vários estados passaram leis semelhantes. “Você precisa ter muita confiança para colocar um desses em seu corpo”, diz Kent Grayson, professor de marketing na Kellogg School of Management da Northwestern University. Segundo ele, os trabalhadores precisarão de garantias de que o chip é saudável, não pode ser pirateado, e sua informação é privada.

Enquanto isso, lideranças religiosas usam as redes sociais a expressar seu descontentamento com o uso dessa tecnologia. “Quando Jesus foi criado, ele foi levado corpo e alma, e foi ele, não um zumbi, não um fantasma. Seremos ressuscitados da mesma forma”, escreveu um internauta cristão.

Os especialistas, no entanto, desdenham. “Acostume-se a isso”, diz Chesley, lembrando que há dez anos, os funcionários não consultavam o e-mail corporativo durante o fim de semana, por uma questão cultural ligada à folga. Hoje, isso mudou, “quer nos agrade ou não”, ponderou. “Seja tecnologia portátil ou um chip embutido, o chip sempre conectado sempre será parte de nossas vidas”, concluiu a professora.

[b]Fonte: Gospel +[/b]

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