Os alunos da principal universidade pública da Itália fizeram protestos contra a Igreja Católica na quinta-feira, depois de terem forçado o papa Bento 16 a cancelar a visita que faria à instituição.

A tropa de choque acompanhou de perto a passeata pacífica na universidade La Sapienza, em Roma. A instituição, fundada há 700 anos, virou o centro de um debate nacional sobre o papel da religião numa sociedade laica.

Apesar da chuva, os estudantes caminharam com faixas dizendo “Liberdade para a universidade”, condenando a interferência da Igreja em questões como o aborto, os direitos dos homossexuais e a eutanásia.

Nas cerimônias que marcavam o início do ano acadêmico, dentro da universidade, o tom era diferente, e destacava-se a preocupação com uma possível censura em nome do secularismo.

O discurso que o papa deveria proferir foi lido em voz alta por um professor e aplaudido de pé sob os gritos de “Viva o papa”.

“Todo tipo de veto ideológico é inaceitável. Todo mundo tem de ter espaço e ser respeitado, seja qual for sua opinião”, disse Renato Guarini, reitor da universidade. Ele disse que pretendia voltar a convidar o papa.

A decisão do papa de não ir à universidade foi tomada na terça-feira, depois de protestos de um grupo pequeno mas barulhento de estudantes e professores.

O prefeito de Roma, Walter Veltroni, descreveu o episódio como “inaceitável” em seu discurso na universidade. “Não se pode permitir que a intolerância tire o direito de alguém de falar. Pior ainda se for o papa Bento 16 –um ponto de referência cultural, espiritual e moral para milhões.”

Boa parte da polêmica centra-se num discurso feito pelo papa em 1990, quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger, e citou um filósofo dizendo que o julgamento da Igreja contra Galileu Galilei no século 17 fora “racional e justo”. Os defensores do papa afirmam que a citação não refletia a opinião dele.

Em 2006, uma outra citação usada pelo papa causou indignação em todo o mundo islâmico, e ele disse ter sido mal interpretado.

Fonte: Reuters

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