Pesquisa realizada pela Secretaria estadual da Saúde de São Paulo aponta que as maiores vítimas de abuso sexual são crianças menores de 12 anos. Segundo o estudo, a faixa etária representa 43% dos 1.926 casos de violência sexual atendidos em 2007 pelo Programa Bem-Me-Quer, do Hospital Pérola Byinton, em São Paulo.

Nesse mesmo ano, foram notificados 517 casos de abuso contra crianças de 12 a 17 anos e outros 563 com vítimas maiores de 18 anos.

Em 2006, segundo a pasta, as notificações de casos de abuso contra crianças de até 11 anos representaram 42% do total. Em quase 15 anos de trabalho, o Pérola já computou cerca de 9 mil notificações de abuso sexual contra menores de 18 anos. Os especialistas são unânimes ao afirmar que a grande maioria dos agressores são pessoas próximas à criança e fazem parte do núcleo familiar da vítima. Pais, padrastos, amigos da família e vizinhos são os principais responsáveis pela violência contra crianças e adolescentes.

“Os culpados, geralmente, têm acesso livre à casa e à rotina das vítimas. Os agressores estão muito mais próximos do que a gente imagina”, afirma o coordenador do Serviço de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington, Jéferson Drezett.

Os pais têm papel importante na prevenção e na identificação dos casos de abuso e violência. É preciso estar atento às mudanças comportamentais da criança, sejam elas sociais, familiares ou alimentares, e não excluir a possibilidade do filho ser vítima de abuso sexual.

Além disso, é importante desenvolver uma relação de confiança entre pais e filhos e criar um espaço em que os filhos possam se expressar sem medo de punição. Esse tipo de abuso não costuma deixar sinais físicos como prova. Por isso, é preciso acreditar nos relatos e nas queixas dos pequenos.

“Acreditem naquilo que seus filhos dizem. Verbalizar uma situação de abuso já é bastante complicado para um adulto, imagine para uma criança ou um jovem. O fato do agressor ser alguém em quem aquela família confia torna tudo ainda mais difícil. A vítima passa por cima do medo e da vergonha e merece ser acolhida por isso, não punida por ‘dizer coisas absurdas’ sobre alguém que está acima de qualquer suspeita”, diz Drezett.

Assim que a suspeita de abuso for identificada, a criança deve ser encaminhada para um profissional de saúde mental para receber o tratamento necessário. Uma vez confirmada a suspeita, o profissional ou a família devem notificar o Conselho Tutelar sobre o caso para que medidas de proteção sejam tomadas. “O mais importante é ficar atento a mudanças bruscas no comportamento de jovens e crianças e buscar ajuda assim que possível. Essa é a melhor forma de descobrir, realmente, o que está acontecendo, além de resguardar uma possível vítima de abuso e ajudá-la a lidar com a situação”, explica o médico.

Projeto

O Projeto Bem Me Quer faz parte do Ambulatório de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington e é uma parceria entre as secretarias estaduais de Saúde e de Segurança Pública. Nele, as vítimas de abuso contam com uma equipe multidisciplinar capacitada para oferecer ajuda médica e realizar o exame de corpo de delito, simplificando o processo de notificação às autoridades e expondo menos os pacientes.

Fonte: Terra

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