As pessoas na maior parte dos países estão mais felizes ultimamente, de acordo com os dados da Pesquisa Valores do Mundo do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade de Michigan. Dados de pesquisas nacionais representativas, conduzidas de 1981 a 2007, mostram que o índice de felicidade aumentou na grande maioria das nações estudadas.
“É uma descoberta surpreendente”, disse o cientista político da Universidade de Michigan, Ronald Inglehart,que dirige as Pesquisas Valores do Mundo e é o principal autor de um artigo sobre o assunto na edição de Julho do jornal Perspectives on Psychological Science. “Acredita-se que é quase impossível aumentar o nível de felicidade de um país inteiro.”
A onda de pesquisas de 2007 também fornece um ranking de 97 nações contendo 90% da população mundial. Os resultados indicam que a Dinamarca é o país mais feliz e o Zimbábue, o mais infeliz. Os Estados Unidos ficaram no 16° lugar da lista, imediatamente após a Nova Zelândia. O Brasil não entrou na lista porque a pesquisa só foi realizada duas vezes no País, em 1991 e 1997, e, portanto, não tem série histórica. Na medição de 1997, o Brasil apresentou a grande maioria de sua população, cerca de 61%, se declarando “feliz”.
Durante os últimos 26 anos, a pesquisa perguntou a mais de 350 mil pessoas o quanto elas eram felizes usando as mesmas duas perguntas.
“Levando tudo em consideração, você diria que é muito feliz, feliz, não muito feliz ou nada feliz?” E, “Levando tudo em consideração, quanto você está satisfeito com a sua vida nos últimos dias?”
Combinando as respostas a essas duas perguntas, Inglehart e seus colegas construíram um índice de bem-estar subjetivo que reflete tanto felicidade quanto satisfação geral com a vida.
Nos 52 países para os quais está disponível uma série temporal substancial (cobrindo, na média, 17 anos), esse índice aumentou em 40 países e caiu em apenas 12. A média de pessoas que disseram estar “Muito felizes” cresceu em quase 7 pontos porcentuais.
“Pesquisas anteriores sugeriram que os níveis de felicidade estão estáveis”, disse o pesquisador. “Eventos importantes como ganhar na loteria ou descobrir que tem câncer podem levar a mudanças a curto prazo, mas a longo prazo a maior parte das pesquisas anteriores sugerem que as nações estão presas em uma ‘esteira ergométrica hedonista’. A crença é que não importa o que aconteça ou o que façamos, os níveis básicos de felicidade estão estáveis e não mudam muito.”
As novas descobertas das Pesquisas Valores do Mundo não só mostra que durante os 25 anos passados a felicidade cresceu de fato substancialmente na maior parte dos países. Ainda mais importante que o crescimento, é o motivo pelo qual ele aconteceu. Em décadas recentes, países pobres como a Índia e a China experimentaram taxas de crescimento econômico muito grandes, dúzias de países de economia média se democratizaram e houve um notável aumento da igualdade entre os sexos e tolerância com minorias étnicas e gays nos países desenvolvidos.
O crescimento econômico, democratização e aumento da tolerância social, todos contribuíram para o aumento da felicidade, com os dois últimos tendo um maior peso que o crescimento econômico. Todas essas mudanças contribuíram para dar uma maior gama de opções para a maneira como as pessoas vivem suas vidas – um fator chave na felicidade.
Pessoas nos países mais ricos geralmente são mais felizes que aquelas dos países pobres, mas mesmo com problemas econômicos, alguns tipos de sociedades são muito mais felizes que outros.
“Os resultados mostram claramente que as sociedades mais felizes são aquelas que permitem que as pessoas tenham liberdade para escolherem como vão viver suas vidas”, disse Inglehart.
Por exemplo, Inglehart aponta as normas tolerantes e a democracia política da Dinamarca, Islândia, Suíça, Holanda e Canadá, todos no ranking 10 países mais felizes do mundo.
“Os eventos dos 25 anos passados trouxeram um crescente sentimento de liberdade que parece ser ainda mais importante que o crescimento econômico para o aumento da felicidade”, disse.”Ainda assim, a maneira mais eficiente de maximizar a felicidade parece mudar com o aumento dos níveis de desenvolvimento econômico. Em sociedades mais pobre, a felicidade parece estar ligada à solidariedade do grupo, religião e orgulho nacional. Nos países mais ricos, liberdade de escolha tem um maior impacto na felicidade.”
Fonte: Estadão