Os esforços do pré-candidato democrata à Casa Branca Barack Obama de mudar o foco de atenção dos comentários de seu ex-pastor Jeremiah Wright foram revertidos nesta sexta-feira com a divulgação da entrevista na qual o reverendo diz que seus sermões foram tirados de contexto por “razões tortuosas”.

A primeira entrevista de Wright para a televisão depois que seus sermões anti-americanos foram amplamente divulgados foi televisionada nesta sexta-feira pela rede PBS, mas ganhou citações em diversos canais de televisão a cabo do país.

Wright defendeu-se dizendo que a publicação de pedaços de seus sermões onde ele condena as políticas dos EUA foram “injustas” e “tortuosas” e feitas por pessoas que não sabem nada de sua igreja, a Igreja Batista da Trindade Unida de Cristo, em Chicago.

A entrevista do reverendo vem em um momento delicado da campanha de Obama, quando o senador tenta se recuperar da derrota, por dez pontos percentuais, para a sua rival, Hillary Clinton, na Pensilvânia.

Um dos principais argumentos de Hillary contra Obama é que ela está melhor posicionada na política norte-americana e tem mais experiência para enfrentar os ataques republicanos na campanha pelas eleições gerais.

Os assessores da ex-primeira-dama defendem que a relação de Obama com Wright será uma de suas maiores vulnerabilidades caso ele seja o nomeado democrata.

Na entrevista, Wright diz que, como um ativista da sua igreja, ele está acostumado a estar “contra o estabelecido”, mas que a resposta a seus sermões foi “muito, muito perturbadora”.

Entre as polêmicas pronunciadas pelo reverendo, está a proclamação de “Deus amaldiçoe a América”, em vez do tradicional “Deus abençoe a América”. Ele acusou o governo de ser fundamentalmente racista.

“O estouro de sermões pregados há 15, 7, 6 anos como um evento de mídia, [..] não o sermão inteiro, mas pedaços dele me fizeram ser o alvo de ódio. Sim, isso é algo muito novo”, disparou Wright.

Anúncio republicano

Enquanto Obama esforça-se para deixar a polêmica para trás, os republicanos elegeram o reverendo como tema de uma campanha publicitária contra o democrata. Os republicanos da Carolina do Norte divulgaram propagandas de televisão que usa imagens dos sermões para classificar Obama como muito extremo para o Estado.

O provável candidato republicano John McCain tentou evitar a divulgação do comercial. Em carta a Linda Daves, líder regional do partido, McCain disse que “a propaganda de televisão degrada os cidadãos e distrai-os das verdadeiras diferenças em relação aos democratas”.

“Eu imploro a você para não divulgar este comercial”, pediu, sem sucesso. Linda ignorou o pedido de McCain e justificou: “É inteiramente apropriado para os eleitores avaliarem os candidatos baseados em suas associações do passado”.

A Carolina do Norte é palco da próxima disputa democrata, em 6 de maio. Apesar dos anúncios, Obama é favorito no Estado, que tem 40% de seu eleitorado formado por negros.

Fonte: Folha Online

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