Novo caso de intolerância religiosa foi parar na delegacia. Uma oferenda foi destruída por evangélicos em Paciência no dia 12. O caso, à época, foi registrado na 35ª DP (Campo Grande) como perturbação ao culto, mas a chefia da Polícia Civil solicitou ontem a reclassificação para intolerância religiosa, crime cuja punição é mais rigorosa.

O incidente aconteceu quando Cosme Luís da Silva, 30, e Hudson Ribeiro de Araújo, 23, devotos do Candomblé, faziam oferenda na Est. Santa Eugênia, às 21h, e teriam sido ofendidos por fiéis da Igreja de Cristo Rio de Vida, que fica perto do local. Cosme e Hudson contaram na delegacia que ouviram provocações como “a oferenda não daria certo”. Um fiel ainda teria tentado agredir Cosme com um soco: “Me disseram que a oferenda é uma forma de culturar religião do demônio”. Ele, no entanto, não registrou essa ofensa no registro de ocorrência. Na mesma noite, a mãe-de-santo Eva Jupira discutiu com os evangélicos: “Eles não nos respeitam”.

Após o bate-boca, o pastor Romildo Silva e dois homens destruíram a oferenda. O pastor alega que elas deixam mau cheiro e incomodam moradores. “Eu só queria limpar. Sempre pego oferendas e jogo no lixo. Vou plantar uma árvore para evitar esse lixo”, respondeu Romildo, que poderá ficar preso por até 5 anos. O pastor e a igreja ainda serão processados por danos morais.

Este é o 15º caso de intolerância religiosa em que a ONG Projeto Legal assume o processo contra o autor do crime desde março. “É preciso que os líderes sejam responsabilizados para que venha de cima a propagação da tolerância”, defendeu o coordenador da ONG, Carlos Nicodemos.

Fonte: O Dia Online

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