Advogados entraram nesta quarta-feira com uma ação de reconhecimento de paternidade contra o presidente do Paraguai, o ex-bispo Fernando Lugo, mas a mulher citada na denúncia negou logo em seguida as alegações. Segundo a denúncia inicial, a criança, que tem quase dois anos, teria sido concebida quando Lugo ainda era sacerdote.

O porta-voz presidente disse que a acusação “deve ser falsa,” enquanto outra autoridade próxima ao presidente disse que a alegação fazia parte de uma campanha difamatória.

“Deve ter sido alguém que queria prejudicar a imagem do presidente”‘, disse Emilio Camacho, conselheiro jurídico de Lugo, à Radio 1.

A ação legal foi registrada na cidade de Encarnación, em nome da Viviana Rosali Carrillo Canete. Segundo o advogado Claudio Kostinochok, ela teria dito que teve tido um relacionamento com Lugo.

Viviana Rosalith Carrillo Cañete, 26, entregou uma nota a jornalistas em frente à sua casa, na localidade de Fernando de la Mora, divisa com Assunção, na qual desmentiu “categoricamente ter assinado uma ação de filiação contra o senhor presidente da República, Fernando Lugo”.

“Os fatos noticiados na imprensa como parte da suposta apresentação perante a justiça são absolutamente falsos. Não vou dar declarações sobre meu filho e minha vida pessoal”, afirmou a jovem na carta.

Em entrevista coletiva, o assessor jurídico Camacho disse que não existe a ata judicial sobre a suposta denúncia, e destacou que considera o desmentido da mulher como uma prova fundamental para esclarecer a situação.

Já o ministro de Comunicação, Augusto Dos Santos, atribuiu a polêmica a uma campanha “de instigação política” contra o presidente.

“Sedução”

No entanto, o advogado Claudio Kostinochok, que se apresenta como assessor de Carrillo Cañete junto a seu colega Alberto Acosta, afirmou que conta, “para eventuais perícias, com a assinatura” da jovem e com a “cópia de uma extensa denúncia” formulada pela mesma.

Kostinochok explicou que estava negociando com representantes do Poder Executivo para chegar a um acordo sobre o processo, e que a informação “vazou” pela imprensa.

Horas antes, a imprensa local noticiou que Carrillo Cañete apresentou a ação perante a juíza Evelyn Peralta, da cidade de Encarnación, 370 quilômetros ao sul da capital paraguaia e vizinha à argentina Posadas.

“A jovem ofereceu várias provas, como mensagens telefônicas e depoimentos de testemunhas, para confirmar que a mesma tinha uma vida de casal com” o ex-bispo e atual presidente, informou o site do jornal “Abc Color”.

Ela relatou, segundo a fonte, “que foi seduzida com belas palavras pelo então bispo do departamento de San Pedro (centro)”, e teria contado que “tinha apenas 16 anos quando se encontraram na casa de sua madrinha Edyth Lombardo de Vega, na localidade de Chore, onde o religioso dormia e ela morava”. Ela também disse, segundo o relato do jornal paraguaio, que Lugo “prometeu que deixaria a batina e ficaria com ela, para formar uma família”.

Renúncia

Lugo, 57, apresentou a renúncia ao cargo de bispo de San Pedro em 2004. Em Dezembro de 2006, ele anunciou que estava renunciando também da condição de bispo para concorrer à Presidência.

Segundo a Kostinochok, o menino nasceu cerca de cinco meses mais tarde. “Neste dia 4 de maio, seu filho fará 2 anos de idade,” disse ele a jornalistas.

O Vaticano insistiu durante a campanha presidencial de 2008 que Lugo seria sempre um bispo, segundo a lei da Igreja Católica. Apenas em no fim de julho, poucos dias antes da posse de Lugo, o papa Bento 16 deu uma permissão extraordinária para que ele deixasse a condição de sacerdote.

Nesta quarta-feira, após a publicação da ação contra Lugo, o bispo do departamento de Misiones, Mario Melanio Medina, recomendou a Lugo que concordasse em fazer um teste de DNA para esclarecer o assunto.

“Em situações como essa, você tem que ser transparente”, disse ele.

Kostinochok disse que o garoto chama-se Guillermo Armindo, em homenagem ao avô de Lugo.

Fonte: Folha Online

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