A história de Laura Perry é o testemunho de uma mudança radical de vida, uma jovem cristã que devido a abusos começou a acreditar que deveria ter nascido menino.
“Quando era uma menina, eu estava cheia de energia. Eu era hiperativa e muito atlética. Tive uma relação muito difícil com minha mãe, que era muito quieta e mais próxima do meu irmão que era uma criança obediente e tranquila, então eu comecei a acreditar que os meninos eram mais amados”, explica.
“Acho que bem cedo na vida comecei a acreditar na mentira de que não era amada quando menina e tudo na vida meio que passou por essas lentes de ‘Eu deveria ter sido um menino’”, diz Laura.
Ela conta que aos oito anos foi molestada por um garoto um ano mais velho e aquilo começou transformá-la em uma pessoa muito sexualizada. “Entrei na pornografia quando estava no ensino médio, e no colégio eu estava tentando ser mais menina, ser mais feminina para chamar a atenção dos meninos”, lembra.
Laura diz que começou a se relacionar com os meninos e satisfazer as vontades deles: “Quanto mais eu fazia isso, mais eles me tratavam como um lixo absoluto. Depois disso comecei a fugir do Senhor e disse a Deus que nunca mais o serviria”.
Na faculdade, Laura passou a se interessar cada vez mais pela pornografia. Ela começou a viajar pelo Estado para encontros sexuais aleatórios com pessoas que conhecia online. “Era como se nada fosse mais satisfatório, então comecei a me lembrar de todos as fantasias que tive quando criança de me sentir como um menino. Achei que aquele era o problema, e por isso não era feliz, porque era para eu ser o homem do relacionamento”.
Ouvindo falar sobre identidade trans, Laura logo foi em busca de informações.
“Fui a uma reunião do grupo de apoio e fiquei surpresa que, de repente, ouvi todas aquelas pessoas me dizendo como [eu estar ali] era maravilhoso e como era corajosa por assumir a situação e me diziam: ‘Em alguns anos, ninguém nunca saberá que você é uma mulher’”, lembra Laura. “Eu só queria ser homem e esquecer completamente que nunca nasci mulher. Eu realmente queria apagar a existência de Laura”.
Para seguir o novo estilo de vida masculino, Laura fez várias transformações em seu corpo feminino para viver como um homem. Logo ela se tornaria transgênero.
“Comecei a fazer a transição, a tomar os hormônios e, no início, foi a melhor coisa de todos os tempos. Eu estava nas nuvens. Começou a crescer pelos faciais, barba e as costeletas. Minha voz começou a ficar grave, até a forma do meu corpo começou a mudar um pouco”, diz.
Mudança radical
Em 2009, Laura conseguiu inclusive mudar seu nome legalmente e decidiu fazer uma cirurgia radical. “No final daquele ano, fui fazer minha cirurgia de tórax e fiz uma mastectomia dupla com reconstrução de tórax para parecer um tórax de homem e eu pensei que este era o ápice de tudo que eu sempre quis”, conta.
No momento antes do procedimento, ela conta que estava deitada sobre a mesa de cirurgia olhando para o peito antes de o médico entrar. Ela viu as linhas pontilhadas roxas onde ele iria cortar e começou a ficar com medo.
“Eu pensei, o que vai aconteceu se eu não acordar disso. E se eu realmente estiver nas mãos de Satanás, porque mesmo em todos os meus momentos de rebelião, eu sabia que Deus era real. Então eu orei e pedi a Deus para poupar minha vida. A cirurgia acabou, eu rapidamente esqueci de Deus, eu esqueci minha oração”, lembra.
Decepções e descobertas
Laura diz que mesmo se sentindo muito animada com os resultados e gostando de como parecia fisicamente, percebeu que aquela cirurgia não a tinha tornado um homem.
“Eu era legalmente um homem e podia ler minha certidão de nascimento dizendo que eu era um homem. Mas continuava a mesma pessoa, porém sem seios, e aquilo foi devastador para mim, porque eu realmente acreditava que me tornaria um homem”, lembra.
A relação familiar de Laura também era frustrante. “Eu mal falava com meus pais nos últimos anos, apenas ligava para eles no aniversário ou algo assim, por me sentir obrigada”, conta.
Em uma dessas ligações, a mãe de Laura pediu que ela ajudasse a fazer um site de estudos da Bíblia.
“Eu não tinha qualquer interesse na Bíblia, mas achei que tudo bem, faria um site para ela. Quando comecei a ler as anotações dela, fiquei impressionada com o que estava lendo e pensei: nunca tinha visto a Bíblia assim. Sempre pensei na Bíblia como o livro de regras de Deus. Estou vendo o caráter e o coração de Deus e comecei a ver um Deus amoroso e fiel, não o Deus irado e crítico que eu sempre tinha visto antes”, relata.
Diante da descoberta, Laura decidiu telefonar para sua mãe para entender algumas coisas da Bíblia. “Eu estava tão curiosa que liguei para ela novamente no dia seguinte e novamente no dia seguinte, e quando vi nunca mais deixei de falar com ela, falar com ela todos os dias. Eu ligava para ela depois do trabalho e mal podia esperar para falar com a minha mãe no final do dia”, lembra.
Ajuda de Deus
Laura começou a enfrentar uma crise que a preocupou seriamente e a compartilhou com sua mãe. “Eu nunca vou esquecer aquele dia em que ela me disse: ‘Querida, você só precisa confiar no Senhor’ e eu fiquei maravilhada naquele momento, pois nunca tinha ouvido minha mãe dizer aquilo”.
Laura reconheceu que sua própria mãe era uma pessoa transformada, “totalmente diferente daquela com quem eu cresci”.
“Ela tinha se transformado tão radicalmente e foi naquele momento que eu soube que o Evangelho era verdadeiro, e sabia que Cristo estava vivo e que havia um poder transformador”, diz.
Orações
Laura estava disposta a conhecer mais Jesus e servi-lo, no entanto, achava que faria isso como um homem que acreditava ser.
“Naquela noite eu orei e pedi ao Senhor em meu coração que queria ser um ‘homem de Deus’. Achava aquilo ótimo, agora poderia encontrar minha identidade em Cristo, pensando que ainda poderia permanecer como um homem porque por mais que eu tenha percebido que não poderia ser um homem, não poderia encarar ser uma mulher”, conta.
Ela diz que havia tanta dor em sua alma “por causa do que todos aqueles caras tinham feito, todas aquelas mentiras em que eu acreditei por toda a minha vida, que era uma coisa vergonhosa ser mulher.”
“Após cerca de um mês clamando ao Senhor, noite após noite, após noite, tive uma visão clara do próprio Jesus Cristo se ajoelhando. Ele colocou a mão naquele vazio e disse: ‘Você confia em mim?’ Lembro-me naquele momento de pensar, se eu pegar Sua mão, Ele está me pedindo para deixar tudo. Mas, eu sabia que era minha única saída. Eu sabia que nunca teria paz se não o fizesse”, testemunha.
“Então peguei em Sua mão e me afastei de toda a minha identidade, minha parceira, meu trabalho, minha segurança financeira … a vida que eu havia construído para mim e deixei tudo para seguir a Cristo”, relata.
Mas esse não foi o fim de sua história. Laura diz que Deus quebrou a “mentira transgênero” em que ela acreditava e restaurou seu desejo de ser mulher.
Fonte: Guia-me com informações de CBN News