Mãe de Pablo diz que o pároco usou o Direito Canônico para prejudicar o filho. Psicóloga vai denunciar o caso ao Ministério Público nesta terça-feira (27).

A psicóloga Eda Lúcia Damásio de Araújo, 63 anos, vai entrar com uma denúncia no Ministério Público na terça-feira (27) para garantir o casamento do seu filho, Pablo Damásio de Araújo, de 33 anos, com Cláudia Araújo Vianna, de 32. Os dois são portadores de deficiência mental, e teriam sido impedidos de casar na da Paróquia de São Sebastião de Itaipu, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, pelo padre João Pedro Stawicki.

Segundo Eda, o pároco explicou a proibição do casamento alegando que eles são incapazes de procriar, o que, segundo o Código do Direito Canônico, é o principal objetivo do casamento. No entanto, ela acredita que eles foram vítimas de preconceito por parte do padre.

A psicóloga contou que os dois já moram juntos há dois anos e meio, mas sempre tiveram vontade de se casar na Igreja Católica. Pablo e Cláudia teriam procurado a paróquia para marcar o casamento, onde , inicialmente, não receberam nenhum tipo de restrição. Só foram orientados, segundo Eda, a pagar R$ 170 referentes à cerimônia e mais R$ 25 porque eles não eram batizados.

“Mas, quando o padre soube que eles eram portadores de deficiência mental, proibiu imediatamente o casamento do meu filho. Eles já tinham feito o convite do casamento e Cláudia, inclusive, já havia comprado o vestido de noiva. O cancelamento foi muito forte para eles. Os dois têm uma vida normal, moram juntos há anos. Acho que eles foram vítimas de preconceito, e quero garantir o direito deles se casarem”, relata.

Direito Canônico

A psicóloga contou que foi conversar com o padre João Pedro Stawicki para saber qual o motivo da proibição. Segundo ela, o pároco explicou que se baseou no Código do Direito Canônico, que impede o sacramento em pessoas incapazes de procriar.

“Ele foi muito grosseiro comigo. Quando falei que eles tinham uma vida normal e que já moravam juntos, o padre me falou que os dois não poderiam se casar porque não eram batizados. Expliquei que meu filho já havia conversado esta questão com a secretária da paróquia. Então, ele me falou que o casamento não seria realizado porque Cláudia era evangélica, o que não é verdade. Cada hora era uma justificativa diferente. Na verdade, acho que ele foi preconceituoso e proibiu o casamento porque eles têm deficiência mental”, relata.

Inicialmente, Eda só queria uma retratação do padre, mas como o pároco não se manifestou sobre o fato, ela decidiu procurar o Ministério Público para denunciar o caso na Promotoria do Idoso e do Deficiente Físico. “Eles são pessoas adoráveis e não precisavam passar por esta situação”, conclui. A audiência está marcada para a tarde desta terça-feira (27).

O padre João Pedro Stawicki foi procurado pelo G1. Segundo informações da secretaria, a paróquia não funciona às segundas-feiras. No entanto, a Arquidiocese de Niterói informou, por meio da assessoria de imprensa, que a questão será analisada, mas confirmou que, caso os dois não possam procriar, eles não poderão se casar na paróquia.

Fonte: G1

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