Haddad vence Serra entre católicos, evangélicos pentecostais, não pentecostais e umbandistas -que juntos respondem por 83% dos eleitores paulistanos.

Depois que as eleições brasileiras se converteram quase em guerras santas, chama a atenção que o PT em São Paulo esteja vencendo o PSDB com folga em todos os principais grupos religiosos.

Na campanha no primeiro turno para prefeito da cidade de São Paulo, o tucano José Serra apareceu muito mais do que o petista Fernando Haddad em eventos públicos em igrejas e templos. O efeito é ainda insatisfatório para o candidato do PSDB.

Haddad vence Serra entre católicos, evangélicos pentecostais, não pentecostais e umbandistas -que juntos respondem por 83% dos eleitores paulistanos. O tucano só se sai bem entre os espíritas kardecistas ou espiritualistas -um grupo que equivale a apenas 2% de quem vota na capital paulista.

A pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem tem margem de erro máxima dois pontos percentuais. É apenas a primeira fotografia da disputa que será realizada no dia 28, o último domingo do mês. Mas já há indicações de que o endosso de candidatos derrotados pode não ser tão necessário como às vezes se imagina.

Celso Russomanno (PRB) ficou em terceiro lugar com quase 22% dos votos válidos no primeiro turno e teve forte atuação entre os eleitores religiosos. Anunciou que não apoiará Haddad nem Serra agora. Mas, mesmo sem a declaração de Russomanno, os votos de cunho religioso não ficaram à deriva. Migraram para o PT em maior parte.

Entre os católicos, Haddad tem o apoio de 46% contra 41% de Serra. Entre os evangélicos não pentecostais, os percentuais são de 47% a 31%, respectivamente. E entre os pentecostais, a vantagem é a maior de todas para o petista: 52% a 33%.

É entre os pentecostais que os candidatos mais têm investido em campanhas recentes. No caso de Serra, o seu trabalho incessante pode ter servido para impedir uma situação pior, mas está longe de garantir a ele liderança nesse segmento.

Como a campanha será muito curta -faltam pouco mais de duas semanas para a eleição-, um indicador relevante é o nível da consolidação dos votos de cada candidato. No seu questionário, o Datafolha pergunta se o entrevistado “está totalmente decidido a votar”.

A notícia nesse caso não é positiva para Serra: as taxas de eleitores flutuantes são iguais para os dois concorrentes: 10% dos eleitores de Haddad dizem que ainda podem mudar de opinião, percentual idêntico ao grupo que se declara a favor do tucano.

[b]Fonte: Folha de São Paulo (análise de Fernando Rodrigues)[/b]

Comentários