O Parlamento da França aprovou nesta terça-feira a proibição ao uso de véus islâmicos que cobrem todo o rosto da mulher, como a burca.
A decisão foi tomada no mesmo dia em que duas ameaças de bomba, já durante a noite francesa, forçaram o fechamento temporário da Torre Eiffel e seus arredores e da estação de trens e metrôs de Saint-Michel, no centro de Paris e a mesma onde, em 1995, um atentado terrorista deixou oito mortos.
Segundo policiais, havia cerca de duas mil pessoas no principal ponto turístico de Paris e no vizinho Campo de Marte no momento da evacuação. O diário francês “Le Figaro” explica que a retirada das pessoas foi feita de forma tranquila após a polícia ter recebido uma chamada anônima sobre a suposta bomba. A ligação teria sido feita de uma cabine pública dentro de Paris.
Já a estação de Saint-Michel – a cerca de dez estações da Torre Eiffel – não chegou a ser totalmente interditada, mas os trens programados não pararam ali durante um período de entre 15 minutos e uma hora, variando de acordo com a linha. Da mesma forma que no caso da Torre Eiffel, o alerta de bomba também foi feito por um telefonema anônimo.
Em nenhum dos casos foi encontrado qualquer material explosivo, mas a polícia, de acordo com a emissora americana CNN e alguns jornais franceses, levou a sério as denúncias por conta da proximidade com o nono aniversário do 11 de Setembro e devido à aprovação da proibição à burca.
[b]Veto teve aprovação quase unânime
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O veto foi aprovado pelo Senado por 146 votos a 1. A lei já havia passado na Câmara e proíbe as pessoas de “vestirem, em lugar público, trajes destinados a cobrir o rosto.” A lei entraria em vigor num prazo de seis meses, após um período de conscientização.
O projeto de lei prevê aplicação de multa de 150 euros para quem andar pela rua com o rosto coberto – salvo em casos excepcionais, como em festas ou por motivo de saúde – e de até 30 mil euros e um ano de prisão para quem forçar outra pessoa a cobrir o rosto “por causa de seu gênero sexual”
– O véu de rosto inteiro dissolve a identidade de uma pessoa na da comunidade – disse a ministra da Justiça, Michele Alliot-Marie, antes da votação, cujo resultado foi 246 a 1. – Ele desafia o modelo francês da integração com base na aceitação dos valores da nossa sociedade.
Com cerca de 5 milhões de habitantes muçulmanos, a França, que tem população total de 64 milhões de pessoas, é o país europeu com maior número de islâmicos. O Conselho de Estado – instituição que funciona como conselheira do governo — foi contra uma proibição total do véu em espaço público, e defendeu a interdição somente nas repartições públicas.
Para os integristas islâmicos, mulher sem véu “incita (os homens) ao estupro e à perversão”. O véu, acreditam, “preserva (a mulher) de todos os perigos”.
[b]Fonte: O Globo[/b]