Os ataques contra o papa Bento 16 devido aos escândalos de pedofilia na Igreja são “injustos”, afirmou o embaixador britânico junto à Santa Sé, Francis Campbell.

De acordo com o representante diplomático, Francis Campbell, em uma entrevista que será divulgada nesta quarta-feira – um dia antes da viagem do pontífice ao Reino Unido – a partir de 2001 o então cardeal Joseph Ratzinger, na época prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, “assumiu a responsabilidade de encontrar uma solução justa” e foi “um dos primeiros a colocar em movimento a máquina para confrontar a questão”.

“É verdade que a Igreja Católica, como outras instituições na sociedade que já viveram este problema, por vezes foi lenta em perceber a gravidade da situação”, apontou ele à revista católica Famiglia Cristiana.

Cambpell aludiu aos casos de abusos sexuais contra menores envolvendo o clero, cujas denúncias se intensificaram a partir do ano passado e causaram uma grave crise. Entre os países onde surgiram acusações está o próprio Reino Unido.

O tratamento dado pela Igreja aos episódios de pedofilia é uma das críticas dirigidas contra a visita de Estado do Papa. Organizações seculares e de defesa dos direitos dos homossexuais anunciaram protestos para quando Bento16 estiver no país.

Na entrevista, o diplomata explicou como o Reino Unido está à espera do pontífice, que permanecerá na nação europeia entre a quinta-feira e o domingo, e manterá encontros com autoridades civis, políticas e religiosas, além de ter na agenda três grandes eventos públicos.

Segundo Campbell, o papa é “uma grande personalidade que sempre teve um ponto de vista interessante para propor e discutir” e se preocupou com a Igreja como instituição que “pode ajudar a melhorar o mundo”.

O embaixador também assinalou o bom relacionamento entre seu país e o Estado da Cidade do Vaticano, apesar de diferenças, entre elas a visão sobre a vida e o uso do preservativo na luta contra a Aids.

“Enquanto não estamos de acordo, por exemplo, no uso do preservativo, concordamos absolutamente no objetivo final, que é a erradicação dessa doença”, contrapôs ele. Outra convergência seria o apoio a uma solução do conflito entre Israel e Palestina com a separação entre dois Estados.

Campbell comentou ainda a beatificação do cardeal britânico John Henry Newman, que será realizada na missa que o Papa presidirá em Birmingham no domingo, afirmando que o prelado convertido do anglicanismo ao catolicismo no século 19 “pode ser o ponto de unidade” para as duas religiões.

A imprensa britânica voltou a falar que milhares de entradas disponibilizadas para os eventos do Papa no Reino Unido permanecem sem serem distribuídas, fazendo com que a estimativa de afluência diminua. A capacidade da missa que será celebrada ao ar livre no Bellahouston Park de Glasgow, na Escócia, na quinta-feira, foi reduzida para 80 mil fieis.

Pelo menos 20 dioceses da Inglaterra e do País de Gales reportaram também que a dois dias da chegada do Pontífice há um número considerável de ingressos ainda sem terem sido retirados para a Vigília de Oração no Hyde Park de Londres, no sábado, e a cerimônia de beatificação do cardeal Newman.

Jack Valero, que coordena a missa do domingo em Birmingham, no Cofton Park, admitiu que o evento “não contará com o número de pessoas esperadas, mas haverá bastante gente”. Para a solenidade, ainda é preciso preencher dez mil lugares.

[b]Fonte: Folha Online[/b]

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