O futuro ministro contou que assistiu a uma sessão da Câmara Federal, quando foi conversar com Bolsonaro, na qual se discutia o projeto de lei, e pontuou que a discussão está sendo muito aberta.
“Acho que está acontecendo uma discussão muito aberta e vai haver uma moderação na regulamentação disso. Não acredito que haja violação dos direitos das pessoas para se exprimirem”, declarou.
Sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Rodíguez afirmou que a prova precisa ser preparada com isenção, para que não seja veículo de disseminação de determinadas posições ideológicas ou doutrinárias.
“Tem que ser uma prova que avalie realmente os conhecimentos, e que não obrigue o aluno a assumir determinada posição com medo de levar ‘pau’. Tem muito aluno que me falou: Professor, eu tento responder certo, não quero levar ‘pau’ por isso, porque tento responder o que eu espero que os questionadores, eu respondo”, detalhou.
Perguntado se a prova poderia passar pelo crivo do presidente, ele respondeu que, se Bolsonaro quiser, ninguém vai impedir.
“Se o presidente se interessar, né? Ninguém vai impedir. Ótimo que o presidente se interesse pela qualidade das nossas provas”, disse.
Na opinião do futuro ministro, as universidades precisam melhorar a gestão, com cobrança de eficiência e resultado pessoal.
“Eu acho que a universidade pública tem que permanecer pública. Mas com uma gestão eficiente, uma gestão em que o cidadão veja que o que está pagando tem resultado. E nossa estrutura de universidade pública sai quatro, cinco vezes mais cara que de uma universidade particular. Precisamos justificar isso perante o eleitorado que é quem financia”, pontuou.
Prioridades no Ministério da Educação
De acordo com Rodríguez, a prioridade na sua gestão frente ao Ministério da Educação será pensar nas pessoas.
“Para mim o valor fundamental é servir as pessoas. Então, vou tentar dar importância às pessoas, ao aluno em sala, aos professores que se sentem oprimidos pela violência que há em sala, isso precisa ser equacionado”, afirmou.
Rodríguez considera que há muito a se fazer pela educação, melhorando principalmente as condições do ensino nas escolas municipais.
“É aí onde se forma a consciência cidadã, a educação para cidadania, e onde se pode começar a resgatar a qualidade do nosso ensino. Acho que temos a necessidade de voltar os olhos para o cidadão, para o aluno, para a pessoa, para as pessoas individuais, com suas diferenças, suas preocupações”, disse.
O futuro ministro da Educação acredita que as universidades ficaram reféns de uma doutrinação de “cunho marxista”, e que é preciso “abrir a mente e o espírito para que haja compreensão de outras formas de ensino e educação”.
Perguntado sobre a experiência em colégios militares, Rodríguez afirmou que valoriza muita a disciplina e a eficiência que eles têm.
“Os colégios militares, hoje, representam para o Brasil, o que há de melhor em termos de qualidade, exigência, de disciplina. É interessante visitar um colégio militar, a gente fica surpreendido como professor”, declarou.
Ele pontou que acredita que Bolsonaro tem uma grande ideia ao colocar os colégios militares como exemplo para a sociedade civil.
“Não para que virem colégio militar, não. Mas para que olhem que é possível ter eficiência, disciplina, sem sacrificar a alegria de viver. Eu sempre valorizei a Escola de Estado Maior do Exército e o Centro de Estudos do Exército, porque em qualquer disciplina a gente é avaliado no final. E lhe apresenta a possibilidade de ver os seus erros e de corrigi-los. O que eu acho maravilhoso, a gente só tem a crescer com essa modalidade de ensino disciplinar”, pontuou.
O futuro ministro também defendeu que os estudantes saiam do ensino médio prontos para o mercado de trabalho.
“Nem todo mundo é chamado à universidade. É bobagem pensar que a democratização da universidade é universal (…) Nem todo mundo gosta de universidade. Eu acho que o segundo grau teria como finalidade mostrar ao aluno que ele pode pôr em prática esses conhecimentos e ganhar grana com isso, como os youtubers estão ganhando grana sem frequentar universidade”, argumentou.
Quem é o futuro ministro da Educação
Rodríguez foi anunciado como ministro da Educação pelo presidente eleito na última quinta-feira (22). Nascido na Colômbia e naturalizado brasileiro em 1997, o futuro ministro é autor de mais de 30 obras e, atualmente, é professor emérito da Escola de Comando do Estado Maior do Exército.
Rodríguez é mestre em pensamento brasileiro pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ); doutor em pensamento luso-brasileiro pela Universidade Gama Filho; e pós-doutor pelo Centro De Pesquisas Políticas Raymond Aron.
Em carta divulgada na sexta-feira (23), Rodríguez afirma que sua gestão à frente da pasta buscará preservar “valores caros à sociedade brasileira” que, segundo ele, é “conservadora”.
Crítico dos últimos governos do país, Rodríguez disse que é contra “discriminação de qualquer tipo” e afirmou que, nos últimos anos, a “instrumentalização ideológica da educação” polarizou o debate sobre o tema.
A “ideologização” da educação já havia sido criticada por Rodríguez em um texto publicado no início de novembro.
Na ocasião, escreveu que o órgão responsável pela aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entende as provas “mais como instrumentos de ideologização do que como meios sensatos para auferir a capacitação dos jovens no sistema de ensino”.
Fonte: G1