Uma piada com as igrejas evangélicas no programa Tá no Ar: a TV na TV, veiculado pela Globo na última quinta-feira, 19 de fevereiro, causou rebuliço nas redes sociais e até perplexidade de jornalistas especializados.

Em um quadro do programa, uma sátira às igrejas evangélicas que mantém programas na televisão usou a “Galinha Convertidinha” – em alusão ao desenho infantil “Galinha Pintadinha” – para fazer severas críticas às denominações neopentecostais com paródias de cantigas infantis.

“A Galinha Preta Pintadinha ganhou uma irmãzinha! Chegou a Galinha Convertidinha, e ela vem crente que está abafando. Com os melhores louvores infantis, ela vai trazer a palavra até a sua casa”, anuncia o locutor de um comercial assistido por crianças evangélicas.

Na sequência, o “DVD infantil gospel” fictício tem trechos das músicas apresentados às crianças, com paródias de músicas infantis da cultura popular: “Joelho dobrado/mantenha-se fiel/Se não orar direito, não vai entrar no céu/Ir pro inferno é fogo/a verdade é Universal/Cuidado com a hora do Juízo Final”, diz a letra.

Usando a melodia de outra canção infantil, a “Galinha Convertidinha” surge ao lado do “Cãozinho Pastor” e da “Ovelhinha de Jesus”: “Joaquim tava incorporado/Recebeu um santo/Credo, tá amarrado!/Foi meu pastor que disse assim/Fora desse corpo seu exu mirim”. O locutor ainda acrescenta mais zombaria: “Ela conheceu a verdade, e a verdade a libertou”.

Abrangendo suas críticas ao perfil da maioria dos pastores evangélicos, o esquete de humor faz piada com a forma que tais líderes se portam perante o público: “Meu pastor animadinho/Canta e Dança de Montão/De Montão/Quando quer mais dinheirinho/Compra um horário na televisão/Ele fala alto/Ele dá pulinho/Ele gosta mesmo é de conversão”.

Ao final, o locutor do “comercial” diz que “o DVD da ‘Galinha Convertidinha’ é vendido separadamente do da ‘Galinha Preta Pintadinha’, porque elas são da mesma família, mas não se bicam”, anuncia, em crítica às polêmicas entre líderes neopentecostais de diferentes denominações. “Compra mãe, em nome de Jesus”, dizem as crianças.

Assista:

[b]Repercussão[/b]

O jornalista Ricardo Feltrin, do Uol, afirmou que “a Globo segue um caminho sem volta” de liberar seus humoristas, Marcelo Adnet, Marcius Melhem e Mauricio Farias, “para mexer com qualquer coisa”, e assim, precisará arcar com as consequências.

“No ano passado a mesma atração já havia ironizado católicos (com um rap) e os próprios umbandistas, provocando algum melindre. A diferença, porém, está no tom, que dessa vez foi bem mais aberto (ou mais pesado). Se for para romper limites, a pergunta é se haverá, adiante, ironias tão fortes a respeito do padre Marcelo, um velho parceiro da Globo, ou mesmo sobre os sempre articulados judeus”, opinou Feltrin.

Para o blogueiro e colunista do Gospel+, Paulo Teixeira, “a Globo nunca foi fã dos evangélicos”. Em um artigo no Holofote.Net, Teixeira diz que “não é novidade alguma a sua atitude de deboche em relação a esse segmento religioso”, mas destaca que “apesar do episódio ser um desrespeito aos evangélicos de uma forma geral, acabou expondo algo que deixa bastante envergonhado o segmento evangélico: as desavenças entre alguns líderes evangélicos”.

A referência a essas desavenças, feitas no final do bloco com a frase “elas são da mesma família, mas não se bicam“, foi, segundo Teixeira, “um tapa em muita gente que, ao invés de usar o precioso e caro horário televisivo para pregar o Santo Evangelho, muitas vezes usam-no para expressarem discórdias pessoais, escandalizando o Nome de Cristo”.

[b]Fonte: Gospel +[/b]

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