Organizações dos Direitos Humanos da Argentina rejeitaram nesta terça-feira as pressões da Igreja Católica e do Exército para que interrompam a revisão do passado, em alusão implícita aos julgamentos contra militares da última ditadura (1976-1983).
Os organismos humanitários “esperam que a Igreja faça uma autocrítica sobre sua atuação durante a última ditadura”, disse a presidente das Avós da Praça de Maio, Estela Carlotto, que reagiu desta forma a uma homilia do cardeal primaz da Argentina, Jorge Bergoglio. Ele ressaltou neste final de semana que “o que foi pecado e injustiça também precisa ser abençoado com o perdão, o arrependimento, a reparação”.
Centenas de militares, com patentes que vão de comandantes a simples sargentos, ainda estão sendo julgados pelas acusações de aplicar um plano genocida e terrorista de Estado para exterminar opositores e dissidentes.
Outro a pedir implicitamente que os julgamentos sejam interrompidos foi o chefe do Exército, general Jorge Bendini, que fez um apelo para que “as feridas do passado sejam cicatrizadas”.
“Sempre está no coração de todos buscar o encontro de todos os argentinos”, disse Bendini à imprensa, após um ato público no Colégio Militar em homenagem aos combatentes da Guerra das Malvinas.
Mas os organismos humanitários também ligam a esta campanha o magnata de direita Mauricio Macri, primeiro nas pesquisas para a disputa pela prefeitura de Buenos Aires nas eleições de 24 de junho, à frente do candidato do governo e ministro da Educação, Daniel Filmus.
“Macri, Bendini e Bergoglio são da mesma raça. São fascistas, representam a volta da ditadura. São a ditadura em si”, disse a presidente das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini em um comunicado.
As Mães da Praça de Maio exigem justiça pelos 30.000 desaparecidos durante o regime, e as Avós centram sua luta em trazer de volta para suas famílias de sangue pessoas que eram bebês quando foram levadas pelas Forças Armadas quando seus pais foram feitos prisioneiros.
Fonte: Último Segundo