O agente de Mel Gibson (foto), de 50 anos, que foi preso por dirigir embriagado e em alta velocidade, disse que o ator procurou tratamento para a sua batalha contra o álcool. “Mel entrou em um programa de reabilitação” disse Alan Nierob ao The showbuzz.com site sobre show business da rede CBS americana.
“Ele está tentando permanecer vivo”, afirmou Nierob sem especificar o nome da clínica onde o ator estaria internado.
Segundo informou a polícia, o nível de álcool no sangue de Gibson no momento de sua detenção às 2h36 da última sexta-feira em Malibu, nos Estados Unidos, era de 0,12%, quando o limite legal é de 0,08%. Ele dirigia seu Lexus LS, onde foi encontrada uma garrafa de tequila, a mais de 140 quilômetros por hora, em um local onde o limite de velocidade era de 72 quilômetros por hora.
Grupos judeus querem expulsar de Hollywood o ator Mel Gibson, que supostamente fez comentários anti-semitas quando detido por policiais segundo publicou o Haaretz, um dos mais importantes jornais de Israel.
O ator norte-americano, que foi liberado da prisão depois de pagar multa de US$ 5 mil, emitiu um longo comunicado no sábado pedindo desculpas por ter dito coisas horríveis ao delegado quando foi preso. “Eu agi como uma pessoa completamente fora do controle, disse coisas que não acredito que sejam verdadeiras, coisas desprezíveis”.
A Liga dos EUA Contra a Difamação considerou o pedido insuficiente e quer que Gibson seja gravemente punido. “Parece que a combinação de alguns drinks e a prisão revelou seu verdadeiro caráter”, declarou Abraham H. Foxman, diretor da Liga Contra a Difamação. “O único jeito de combater intolerantes é estabelecer um preço para a intolerância”, acrescentou ele. “Se Gibson realmente fez comentários anti-semitas seus colegas terão que se distanciar dele”.
“Isto é como um desastre nuclear para ele”, disse o agente Michael Levine, que já representou Michael Jackson e Charlton Heston, entre outras personalidades hollywoodianas. “Eu não vejo como ele poderá ser reabilitar”.
Gibson que é ator e diretor de cinema, ganhou um Oscar por Coração Valente (1995). O último filme que dirigiu foi o polêmico A Paixão do Cristo (2004), que causou polêmica com grupos religiosos, especialmente os judeus. Atualmente conclui as filmagens de Apocalypto, produção que é rodada em dialeto maio e que deve ser lançada em dezembro. O ator estrelou filmes como Máquina Mortífera, Mad Max, Do que as Mulheres Gostam e Homem Sem Rosto, entre outros.
As declarações de Gibson
O site de entretenimento TMZ postou os comentários anti-semitas feitos supostamente por Gibson quando foi preso. De acordo com o site, o ator teria dito: “Os judeus são responsáveis por todas as guerras que já aconteceram no mundo” e então teria perguntado para o policial James Mee “você é judeu?”.
O policial James Mee, que prendeu Gibson, disse à AP que considerava sua prisão um ato rotineiro, e que não levaria quaisquer comentários feitos pelo ator à sério. Mee disse que não se sentia bem em relação ao dano causado à imagem do ator, mas que esperava que Gibson pensasse duas vezes antes de beber e dirigir. “Eu não desejo arruinar sua carreira”, disse Mee.
O porta-voz de Gibson, Alan Nierob, não quis comentar sobre o incidente por escrito. O porta-voz do delegado do município de Los Angeles, John Hocking, disse que não podia confirmar os depoimentos postados no site TMZ, garantindo que o caso está sendo investigado.
Opinião da Disney, produtora de “Apocalypto”
Segundo a Associated Press, Gibson parece preocupado com a Walt Disney, companhia que distribui seu novo filme, Apocalypto, e com a ABC, rede de televisão que tem parceria com a empresa de Gibson para produzir uma minissérie sobre o holocausto.
Executivos da Disney disseram que não vão comentar sobre o futuro do novo projeto. Entretanto, segundo o blog de Kim Masters, no site da revista Slate, Oren Aviv, o diretor de marketing que se tornou o novo presidente dos estúdios Disney, de origem judaica, disse que “ele está preparado para perdoar a esquecer”.
Apesar da prisão de Gibson em Malibu, Apocalypto deve ser lançado em 8 de dezembro nos Estados Unidos.
Tratamento preferencial
O jornal Los Angeles Times publicou em seu site neste sábado que, enquanto o departamento investiga o caso, as autoridades vão oferecer a Gibson um tratamento preferencial e vão tentar encobrir o comportamento do ator. O delegado Lee Baca defendeu seu departamento. “Ninguém vai encobrir nada”, disse ele ao New York Times. “Julgar alguém por boatos ou insinuações não é uma investigação, ao menos não uma investigação feita com integridade”, afirmou ele.
“Eu tive sorte de ter sido detido antes que pudesse causar danos a outras pessoas”, declarou Gibson. “Eu decepcionei a mim mesmo e a minha família por meu comportamento e por isso estou extremamente arrependido. Eu tenho lutado contra o alcoolismo por toda a minha vida adulta”, disse o ator, assumindo problemas com bebidas alcoólicas.
Esta é a segunda vez que Gibson é detido por dirigir sob o efeito do álcool. A primeira aconteceu há mais de 20 anos, nos anos 90, no Canadá, quando Gibson rodava com Diane Keaton o filme Mrs. Soffell – Um Amor Proibido. Após sua primeira detenção, Gibson passou a freqüentar o Alcoólicos Anônimos.
Antiga polêmica com os judeus
Também não é a primeira vez que Mel Gibson cria polêmica com os judeus. O filme dirigido por ele em 2004, A Paixão de Cristo, que relata as 12 últimas horas da vida de Cristo, ocupou espaço na imprensa durante quase um ano antes de sua estréia. Os judeus protestaram contra a versão da morte de Cristo proposta pelo filme, ao colocar a culpa pela crucificação de Cristo nos judeus e não nos romanos, incentivando um sentimento anti-semita.
Nos Estados Unidos, dois importantes líderes judeus assistiram ao filme um mês antes da estréia naquele país, ocorrida em 25 de fevereiro de 2004. O rabino Marvin Hier, reitor do Centro Simon Wiesenthal, e Abraham Foxman, diretor nacional da Liga Antidifamação, pediram a retirada de uma cena em que o líder judeu Caiaphas chama uma maldição para o povo judeu declarando, sobre a crucificação: “Que seu sangue caia sobre nós e nossas crianças.”
No Evangelho de São Mateus, essa frase é creditada a uma multidão de judeus pedindo a morte de Cristo, mas foi repudiada pelo segundo Concílio do Vaticano, em 1965. Gibson, que pratica uma forma tradicionalista do catolicismo romano, não reconhece as reformas feitas na década de 60.
Logo após a estréia de A Paixão de Cristo nos Estados Unidos, em 28 de fevereiro, um dos grandes rabinos de Israel, Yona Metzger, solicitou a intervenção do papa João Paulo II para condenar o polêmico filme e evitar manifestações contra o povo judeu. Aqui, a Confederação Israelita do Brasil e a Federação Israelita do Estado de São Paulo divulgaram nota oficial, em 12 de março de 2004, protestando contra o filme.
A Paixão de Cristo não foi exibido em Israel, pois os distribuidores de cinema locais se recusaram a comprar os direitos de exibição, segundo publicou o jornal Washington Times, lembrando que justamente “na terra onde dois mil anos atrás ocorreram os fatos dramatizados pelo filme”, ele não seria exibido. Apenas o diretor da Cinemateca de Tel Aviv, Alon Garbuz, mostrou interesse, na época, em exibir o filme seguido de um debate.
Fonte: Estadão