Os pré-candidatos democratas à Presidência dos EUA, Hillary Clinton e Barack Obama tentarão cortejar o “voto religioso” em um fórum a ser realizado neste fim de semana, buscando obter apoio junto a um grupo de eleitores que possui uma grande influência dentro do cenário político norte-americano.

Os organizadores do evento afirmam que o fórum, a ser transmitido para o país todo por canais de TV e que acontece no domingo à noite na Faculdade Messias, perto de Harrisburg (Pensilvânia), permitirá aos candidatos discutir como a religião participa de suas posturas em questões como a pobreza no mundo, a Aids, as mudanças climáticas e o aborto.

A religião desempenha um papel muito maior no jogo político dos EUA do que em outros países do mundo desenvolvido, refletindo as taxas relativamente altas de comparecimento à igreja e de adesão a uma fé ou outra pelos norte-americanos.

“É improvável que em qualquer outro lugar do mundo, candidatos à Presidência se sentissem compelidos a responder perguntas de grupos religiosos”, afirmou Mathew Wilson, cientista político da Universidade Metodista do Sul em Dallas.

“Em muitas sociedades européias, vários políticos mostram-se relutantes em discutir suas convicções religiosas publicamente. Mas aqui nos EUA esperamos que eles façam isso.”

O fórum deve ser acompanhado de perto, já que ocorre uma semana antes das determinantes prévias democratas marcadas para ocorrer na Pensilvânia, no dia 22 de abril.

O comitê de campanha de Obama aposta que um bom desempenho do pré-candidato nessa votação fará com que a disputa pela vaga do Partido Democrata nas eleições presidenciais de novembro decida-se a favor dele.

Mas o fórum dirige-se também ao eleitorado do restante do país.

O candidato do Partido Republicano, John McCain, será notado por sua ausência do evento, apesar de a legenda dele ter laços mais profundos com o “voto religioso” do que o Partido Democrata — especialmente entre os protestantes evangélicos que respondem por 25 por cento dos adultos norte-americanos.

McCain não aceitou o convite para participar do fórum, organizado pelo grupo Fé na Vida Pública, um centro de pesquisa apartidário. O evento deve atrair ativistas religiosos de todo o espectro político e uma gama variada de cristãos bem como líderes judeus e muçulmanos.

O movimento evangélico vem ampliando sua agenda para além das questões “mais polêmicas” tais como a oposição ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, questões essas que ajudaram o atual presidente do país, George W. Bush, a conquistar o voto dos republicanos cristãos e conservadores nas eleições de que participou.

Os tópicos a serem discutidos no fórum refletem essa mudança e alguns consideram que McCain errou ao não aceitar o convite para participar dele, quando então poderia tentar conquistar votos entre os evangélicos menos conservadores.

Os cristãos conservadores vêem o candidato republicano com alguma suspeita por vários motivos, entre os quais seu apoio, no passado, às pesquisas com células-tronco.

Fonte: EFE

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