A Igreja Anglicana da Inglaterra foi acusada hoje de ter encoberto o caso de um professor de coro acusado de ter abusado de crianças. Peter Halliday foi condenado a dois anos e meio de prisão depois de ter se declarado culpado de abusar sexualmente das crianças do coro que dirigia, no condado de Hampshire, no final da década de 1980.

A rede britânica BBC descobriu que Halliday já havia admitido os crimes à Igreja da Inglaterra há 17 anos, mas sob a promessa de não seguir em contato com as crianças, abandonou o coro sem que seus abusos fossem denunciados.

Um porta-voz da Igreja Anglicana informou que a instituição conta com políticas “robustas” contra o abuso de menores.

Halliday foi obrigado a pagar 2 mil libras esterlinas (cerca de US$ 4 mil) a cada uma das três vítimas depois de admitir as 10 acusações contra ele frente aos magistrados da Corte de Winchester.

O bispo que cuidou do caso na década de 1980, o prelado David Wilcox, declarou à BBC que se algo semelhante acontecesse na atualidade, a reação seria diferente.

Em 1990, um jovem corista da Igreja St Peter’s, em Farnborough, contou a seus pais que seu professor tinha abusado dele repetidas vezes num intervalo de vários anos, e também que havia outras vítimas.

Os pais do jovem consultaram o vicário do local que por sua vez consultou o bispo Wilcox sobre o assunto.

No entanto, este último, ao invés de contatar a Polícia, pediu que Halliday não contasse nada publicamente, e que abandonasse a Igreja, sem ter mais contato com crianças.

Um dos menores abusados por Halliday, que tinha 10 anos na época, contou à BBC, que os ataques sexuais ocorriam normalmente quando as crianças ficavam sozinhas com o professor do coro.

“Isso acontecia quando estava em casa sozinho com ele, quando viajávamos com outros alunos, e inclusive nos dormitórios, quando havia outros garotos presentes. Fiquei horrorizado. É algo muito horrível quando sua primeira experiência sexual acontece com um homem de 40 anos, que abusa de você”, destacou.

Por sua vez, o bispo Wilcox disse que agiu de acordo não apenas com o melhor para a Igreja da Inglaterra, mas também com o melhor para as famílias das crianças que sofreram abusos.

“Na época as coisas eram muito diferentes e creio que cometemos um erro. Não acredito que existisse o conhecimento ou a experiência, nem que o sistema judicial ou policial estivesse preparado para isso”, acrescentou.

Apesar de sua promessa depois de ter abandonado o coro de St. Peter’s, Halliday continuou a trabalhar com crianças, como corista da Royal School of Church Music (RSCM). A entidade se pronunciou afirmando que os casos de pedofilia não têm “nada a ver” com a RSCM.

Fonte: Jornal da Mídia

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