Porta-voz do episcopado mexicano disse que a maioria das doações é supervisionada para evitar o dinheiro do crime organizado.
A Conferência do Episcopado Mexicano (CEM) assegurou nesta quarta-feira que “a maioria” das doações que a Igreja Católica recebe é supervisionada para evitar o dinheiro do narcotráfico ou do crime organizado do país. Segundo o porta-voz do episcopado, o bispo Víctor René Rodríguez, os casos das chamadas “narcoesmolas” são “isolados”.
A declaração foi dada em coletiva de imprensa, acompanhado de outros bispos do país, durante a 90ª Assembleia Plenária da CEM.
O sacerdote apontou que a Igreja Católica não aceita e não aceitará dinheiro sobre o qual possa haver alguma suspeita da procedência e atestou que a instituição colabora com as autoridades quando isso ocorre.
Há algumas semanas, a imprensa mexicana publicou que uma capela recém-construída próximo à cidade de Pachuca, no Estado de Hidalgo, possuía uma placa onde se lia que o edifício havia sido financiado por Heriberto Lazcano, conhecido como El Lazca e chefe do grupo criminoso Los Zetas — um dos grupos criminosos mais violentos da nação.
Em seguida, a revista Desde la Fe, da Arquidiocese Primaz, publicou em um editorial que admitia que alguns ambientes religiosos chegaram a receber financiamento do narcotráfico, afirmando que havia uma “vergonha da parte de algumas comunidades católicas”.
O porta-voz da CEM expôs que a Igreja Católica se preocupa com o fato de que “o narcotráfico tenha se tornado em um problema de saúde social” no Estado do México.
Ele sustentou que a sociedade mexicana “se debilitou no campo político, na convivência cotidiana e na dimensão ética, gerando uma progressiva crise cultural e social, cujas manifestações são a violência, a corrupção e a dificuldade para a procura de justiça”.
Os cartéis do narcotráfico no México se tornaram um dos principais focos da política de segurança do Estado do país desde 2006, quando o presidente Felipe Calderón convocou 100 mil policiais e militares para a luta armada contra esses grupos criminosos.
Desde então, dados oficiais atestam que os embates entre os cartéis entre si e contra as forças de segurança já deixaram mais de 28 mil mortos e se inseriram em diversos setores da vida pública.
[b]Fonte: Folha Online
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