Começou ontem o julgamento de Claudio Sciarpelletti, 48, acusado de ser cúmplice do ex-mordomo do papa Bento 16 no vazamento de documentos secretos do Vaticano à imprensa, caso conhecido como “Vatileaks”.

Segundo o presidente do tribunal, Giuseppe Dalla Torre, o julgamento será breve e terá por objetivo definir se Sciarpelletti encobriu, durante as investigações sobre o ex-mordomo e por razões de amizade, alguma informação de que tivesse conhecimento sobre o crime.

A defesa de Sciarpelletti, que trabalhou como técnico de informática para o Vaticano por 20 anos, negou que ele tivesse uma relação próxima e de amizade com Paolo Gabriele, 46, o ex-mordomo que foi condenado em 6 de outubro a 18 meses de prisão por roubo de documentos que pertenciam ao papa.

Sciarpelletti foi detido no dia 25 de maio, um dia após Gabriele, devido a uma ligação anônima que informou que eles tinham uma “íntima amizade”.

Durante as investigações, foi encontrada no escritório do técnico uma caixa, com o nome de Gabriele, que continha documentos confidenciais do Vaticano. Parte desse material depois foi publicada no livro “Sua Santita: Le Carte Segrete di Benedetto XVI” (Sua Santidade: as cartas secretas de Bento 16, em tradução livre), escrito pelo jornalista Gianluigi Nuzzi.

Inicialmente, Sciarpelletti seria julgado com Gabriele. No entanto, seu advogado pediu o desmembramento do caso, o que foi aceito pelo tribunal. O ex-mordomo, no entanto, comparecerá ao julgamento como testemunha.

Segundo a defesa, Gabriele impedia que qualquer um mexesse em seu computador de trabalho. Dessa forma, Sciarpelletti nunca controlou ou modificou parte do conteúdo que estava na máquina do ex-mordomo.

Caso seja considerado culpado, Sciarpelletti poderá ser condenado a até um ano de prisão.

Os documentos vazados fazem referência a atos de “corrupção e abuso” praticados no Vaticano e acobertados.

[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]

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