Com mais de seis mil templos divididos entre Brasil e outros países, Valdemiro Santiago, fundador e líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, uma série de problemas com a Justiça.
Entre os dias 23 de maio e 21 de junho, a Igreja Mundial do Poder de Deus foi alvo de 15 processos na Justiça de São Paulo, todas em primeira instância e relacionadas a dívidas com proprietários de imóveis alugados pela instituição. Os imóveis foram alugados para serem utilizados como templos, casa de pastores e estacionamento para os cultos.
A denominação fundada pelo pastor Valdemiro Santiago em 1998 acumula um débito que passa de R$ 2,5 milhões.
De acordo com o portal UOL, em um dos casos, em Mogi Guaçu, no interior paulista, a igreja se instalou em 2014 e, desde 2019, não paga nenhum valor. O comerciante tentou cobrança extrajudicial, o que não adiantou. O juiz Roginer Garcia Carniel condenou a igreja a pagar R$ 381 mil, valor que será acrescido de juros e correção monetária.
Em outro caso, um funileiro cobra R$ 20 mil de aluguéis também não quitados na cidade de São Bernardo. Nova condenação, desta vez assinada pelo juiz Rodrigo Campos. A igreja ainda pode recorrer das decisões.
Nas defesas anexadas aos processos, a igreja afirma ser uma instituição sem fins lucrativos e que é “público e notório” as dificuldades financeiras, “principalmente pelo longo período de pandemia”. É dito que “todas as igrejas do Brasil foram compelidas a fechar as portas”. De acordo com o texto, a falta de atividades religiosas, diminuiu a arrecadação.
Escândalos e processos
Os últimos anos têm sido marcados por escândalos, perdas de processos e penhoras de bem. Em agosto de 2021, Valdemiro foi acusado de ter recebido uma “cifra milionária” da própria igreja. O juiz Mário Roberto Negreiros Velloso afirmou que o líder religioso embolsou mais de R$ 1,2 milhão no último ano. “Há fortes indícios de que a igreja esteja transferindo seu patrimônio a Valdemiro”, frisou o magistrado.
Entre as situações enfrentadas, agora mais recentes, em abril deste ano, o juiz Luiz Fernando Guerra decidiu colocar para leilão o templo da igreja localizado no bairro Santo Amaro, na zona Sul de São Paulo. O motivo? Dívida de R$ 409,8 mil.
O edifício, avaliado em mais de R$ 33 milhões, tem 46,8 mil metros quadrados e capacidade para receber cerca de 20 mil pessoas. Inaugurado em 2014, possui setor administrativo, piscina, estacionamento para 813 carros e 162 motos, tudo dividido em cinco pavimentos.
Em documento enviado à Justiça, a igreja não contesta a dívida com a Guima-Conseco, mas tentou anular o leilão argumentando que o imóvel vale muito mais do que o valor homologado pelo juiz. “A não suspensão do leilão poderá acarretar em grande prejuízo patrimonial para a Igreja Mundial”, diz trecho.
Em outubro do ano passado, o pastor foi condenado a pagar R$ 35 mil ao governador da Bahia, Rui Costa, por danos morais. Ele alegou que o fundador da Mundial teria dito que ele fez “pacto com o capeta”. A citação foi feita porque o gestor proibiu o funcionamento dos templos durante a pandemia da covid-19.
Há cerca de dois meses, a Justiça paulista determinou a penhora de 25% do faturamento da instituição religiosa mantida pelo apóstolo. Para a magistrada Ana Cláudia Guimarães e Souza, em um dos processos, o locatário cobra uma dívida que gira em torno de R$ 117 mil em aluguéis da igreja. Ela, inclusive, autorizou que a medida judicial fosse feita durante o culto, após o recolhimento do dízimo.
Durante a pandemia, o líder da Igreja Mundial de Deus foi acusado de estelionato após um vídeo ser divulgado na internet com Valdemiro anunciando sementes de feijão com “poderes de curar a covid-19”. No entanto, dois anos depois o caso foi arquivado, a pedido do Ministério Público de São Paulo.
O arquivamento em definitivo da acusação envolvendo o líder religioso ocorreu porque, de acordo com o órgão, o evangélico foi vítima de uma “fraude”. A perícia criminalística feita nos vídeos com a entrevista (que gerou a denúncia) comprovou que houve “edição fraudulenta”.
O conteúdo original não chegou a ser publicado. Para os profissionais que fizeram a análise, houve uma edição feita com o objetivo de distorcer o que Valdemiro disse de fato, e que sua citação ao “feijão mágico” não passou de uma figura de linguagem.
Folha Gospel com informações de UOL