Um estudo apresentado na quinta-feira, 25, revelou milhares de casos de abusos sexuais de menores desde 1946 na Igreja Evangélica da Alemanha. A investigação contabilizou mais de 2.200 casos, envolvendo 1.259 supostos abusadores. Mas segundo uma estimativa da equipe disciplinar que realizou a pesquisa, mais de 9.300 menores podem ter sido vítimas de abusos sexuais na Igreja Evangélica da Alemanha nas últimas décadas. Pela primeira vez um estudo traz números de abusos de menores dentro da Igreja Evangélica.
A pesquisa, realizada por uma equipe multidisciplinar, estimou que o número de menores abusados por membros da Igreja Evangélica da Alemanha (DEK, na sigla em alemão), ou Igreja Luterana do país, pode chegar a 9.355. A estimativa foi feita com base na análise de casos envolvendo ao menos 2.225 vítimas de abusos, e 1.259 potenciais abusadores desde o ano de 1946.
A média de idade das vítimas era de 11 anos no momento da primeira agressão, sendo que cerca de dois terços delas são do sexo masculino. Dentre os acusados, um terço são clérigos ou assistentes eclesiásticos. Ainda no estudo, foi identificado que a média de idade entre os abusadores, quase todos homens, é de 45 anos.
Mas os investigadores destacaram que esse número provavelmente não passa “da ponta da ponta do iceberg”, porque eles não conseguiram examinar todos os arquivos, já que muitas igrejas não enviaram documentos.
O relatório, contendo mais de 800 páginas, foi encomendado pela própria Igreja Luterana alemã, que é a maior organização protestante do país, e preparado por especialistas de diferentes universidades e institutos alemães.
Pela primeira vez um estudo traz números de abusos de menores dentro da Igreja Evangélica. Até agora só eram conhecidos no país os números referentes à Igreja Católica. Um estudo de 2018 comissionado pela Conferência dos Bispos da Alemanha concluiu que 3.677 menores sofreram abuso sexual por membros do clero católico na Alemanha entre 1946 e 2014.
Mas, como no caso agora dos protestantes, a estimativa é que o número real de vítimas seja bem maior, já que os autores do estudo não conseguiram acessar todos os arquivos da instituição. Também no caso da Igreja Evangélica não foi possível acesso a todos os documentos eclesiásticos.
Fonte: Opera Mundi com informações de RFI