Os bispos italianos manifestaram nesta segunda-feira sua total solidariedade a Bento XVI, “vítima de atos intimidatórios e ameaças inqualificáveis” depois de seu discurso na Alemanha e suas citações ao Islã.
O presidente da Conferência Episcopal italiana, cardeal Camillo Ruini, considerou “surpreendentes e dolorosas” as reações do mundo muçulmano às citações feitas pelo Papa sobre uma controvérsia teológica medieval.
“Elas foram mal interpretadas, a ponto de terem sido consideradas ofensivas ao Islã”, afirmou o religioso.
Ruini lamenta que a vontade de diálogo com culturas diferentes provoque tais mal-entendidos e teme que tenham servido de “pretexto para abomináveis crimes como o da irmã Leonella Sgorbati”, ocorrido o domingo, na Somália.
“O Papa se propõe a favorecer o verdadeiro diálogo entre culturas e religiões, um diálogo de que necessitamos urgentemente”, afirmou Ruini ante o conselho permanente da Conferência Episcopal italiana.
Católicos russos crêem que muçulmanos deturparam discurso papal
O chefe da Conferência de Bispos Católicos da Rússia, Yosif Vert, assegurou ontem que os muçulmanos deturparam o discurso no qual o Papa Bento XVI fez uma referência ao Islã.
“Quem quer usar qualquer palavra para se manifestar contra o Papa, a Igreja Católica e o Cristianismo sempre pode encontrar uma desculpa para isso”, disse Vert, citado pela agência “Interfax”.
Vert acusou os que criticam o Pontífice de “não saber sobre o que o Papa falava”.
“Tenho certeza de que nenhum deles leu o discurso, por isso não podem expressar uma opinião correta”, acrescentou. Na opinião de Vert, “quem tem boa vontade escuta com franqueza as palavras do Santo Padre, procura o positivo e o encontra”.
Vert expressou sua “surpresa” com a reação às palavras de Bento XVI, já que “o texto era superficial” e sua intenção era promover o diálogo com outras confissões religiosas.
O Papa foi muito criticado no mundo muçulmano pelo discurso pronunciado na terça-feira passada, na universidade alemã de Regensburg, que incluía um diálogo entre o imperador bizantino Manuel II (1391) com um erudito persa no qual há palavras críticas a Maomé.
O imperador pedia ao persa que lhe mostrasse algo que o mundo devesse a Maomé que fosse novo e respondia que ele mesmo só encontraria coisas “más e desumanas, como sua ordem de espalhar, usando a espada, a fé que pregava”.
Aproximadamente 23 milhões de muçulmanos vivem atualmente na Rússia, em sua maioria na conflituosa região do Cáucaso. O número de católicos no país é de 600 mil.
Fonte: AFP e EFE