O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, disse hoje que a Igreja “não tem nada contra” casamentos entre católicos e fiéis de outras religiões, mas pediu que essas uniões respeitem os “valores católicos” da família.

Sem comentar diretamente as declarações do cardeal D. José Policarpo que alertava para os riscos dos casamentos com muçulmanos, D. Jorge Ortiga reconheceu que essas uniões “são coisas que vão acontecendo” um “pouco por toda a Europa” e “Portugal não é exceção”.

No entanto, “alertamos a quem se quer casar pela Igreja” que o cônjuge “não se pode opor à educação católica”, explicou.

De resto, as “pessoas podem encontrar compromissos” no respeito da fé de cada um podendo existir casamentos entre católicos e “hindus, muçulmanos, judeus ou evangélicos”.

“Tem é que haver um cuidados nos processos” no “sentido do respeito e liberdade de cada um”, alertou D. Jorge Ortiga.

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, advertiu na terça-feira à noite as jovens portuguesas para o “monte de sarilhos” de se casarem com muçulmanos.

Falando no Casino da Figueira da Foz, D. José Policarpo deixou um conselho às jovens portuguesas quanto a eventuais relações amorosas com muçulmanos, afirmando: “Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam”.

Sem querer abordar diretamente esta polêmica, o presidente da CEP recordou que a Igreja é apenas intransigente na educação dos filhos, admitindo mesmo cerimônias religiosas.

Caso o cônjuge católico queira um casamento religioso, terá de ser aprovada a “dispensa canônica de paridade de culto” para que possa casar com um não-católico, explicou D. Jorge Ortiga.

Para tal, o elemento do casal que não professa a fé católica deve comprometer-se em educar os filhos na fé cristã, respeitando a monogamia e as tradições religiosas do cônjuge.

“Desde sempre, estes casamentos têm acontecido, em cerimônias parecidas” com os matrimônios católicos, mas apenas limitados à “Celebração da Palavra”.

Numa nota de 2004, o Conselho Pontifício que trata a mobilidade humana, o Vaticano sustenta que “casamentos entre católicos e imigrantes não-cristãos devem ser desencorajados”, embora com algumas exceções,

“Nas famílias com os pais católicos, é mais fácil para eles partilhar a fé comum com os filhos”, escreveu o próprio João Paulo II.

Nos casos de casamentos entre mulheres católicas e homens muçulmanos, a “experiência amarga ensina-nos” que é necessário um “particular cuidado” para que o matrimônio resulte, alerta o Conselho

Isso só será possível, se os dois elementos do casal assumirem as “diferenças culturais e religiosas profundas” que existem entre eles e entre as sociedades de onde provêem.

“Se o casamento é registrado no consulado de um país islâmico, a parte católica deve estar atenta à assinatura de documentos” relacionados com qualquer tipo de profissão de fé muçulmana.

Fonte: Lusa – Portugal

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