A iniciativa de acolher os casais homossexuais com uma bênção formal às uniões já regularizadas no registro civil será uma decisão facultativa de cada pastor.

A decisão foi aprovada neste domingo (17) pela ampla maioria dos participantes de um sínodo protestante. A bênção aos casais homossexuais recebeu 94 votos a favor e apenas três contra, no mesmo dia em que associações programaram manifestações para marcar o Dia Internacional de Combate à Homofobia.

O pastor Laurent Schlumberger, que participou do sínodo ocorrido em Sète (sul), ficou impressionado com o clima que ele descreveu como “excelente” durante a votação. Segundo o reverendo, a sessão foi marcada pela “confiança e fraternidade” entre os participantes. Schlumberger é presidente do conselho nacional da Igreja Protestante Unida (Epuf), a mais antiga corrente do protestantismo instalada no território francês. A instituição reúne 250 mil fiéis e 500 pastores em todo o país.

O reverendo Marc Pernot, pastor do Oratório do Louvre, uma das principais paróquias protestantes de Paris, disse em entrevista à RFI ter ficado “um pouco surpreso” com o resultado favorável e “contente com o consenso sobre a questão”. Até agora, o reverendo Pernot só podia abençoar os casais de pessoas do mesmo sexo em um local privado. Ele explicou que o fato de ser autorizado a abençoar as uniões homossexuais em público, nas instalações da igreja, é uma conquista importante para muitos fiéis.

A iniciativa de acolher os casais homossexuais com uma bênção formal às uniões já regularizadas no registro civil será uma decisão facultativa de cada pastor. O benefício é concedido dois anos depois da regulamentação do casamento gay na França, promulgado em maio de 2013.

[b]Precedente[/b]

Até agora, só a Missão Popular Evangélica francesa autorizava seus pastores a acolher homossexuais em suas celebrações. Essa igreja é, no entanto, menos representativa do que a Igreja Protestante Unida, uma corrente histórica no protestantismo francês.

Segundo o especialista e historiador de religiões Odon Vallet, a decisão da Epuf revela uma evolução do “Movimento Casamento para Todos”, que militou pela legalização do casamento gay. Em outros países, onde a presença dos protestantes é mais numerosa, como nos Estados Unidos, no Canadá e em países escandinavos, a bênção a casais do mesmo sexo é mais frequente.

“Para o protestantismo, ao contrário do catolicismo, o casamento não é um sacramento”, explica Vallet. “É um fato social, importante, mas não um ato de veneração”, diz o historiador. Ele considera que a aceitação do casamento entre pessoas do mesmo sexo é algo “inimaginável” na Igreja Católica, mas nota que alguns padres contrariam a proibição.

[b]Fonte: RFI – Portugal[/b]

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