Apóstolos vêem ‘guerra espiritual’ na prisão do casal Estevam e Sônia Hernandes e pedem apoio dos fiéis.

“Amém, senhor!” A um salão vazio, os apóstolos da Igreja Renascer repetem a frase no microfone em cultos conduzidos do mesmo jeito que foram concebidos – apesar de seus líderes espirituais, o casal Estevam e Sônia Hernandes, permanecerem presos em Miami por tentarem entrar nos Estados Unidos com US$ 46,5 mil não declarados.

Na sede da Igreja, na zona sul de São Paulo, não há alteração da agenda de eventos e poucas referências ao caso são feitas no culto acompanhado pelo Estado. Apenas em duas ocasiões o tema foi levantado. “Estamos enfrentando uma guerra espiritual constante. Oremos ao Senhor para que nos dê forças contra este levante.”

Em outro momento do culto, o apóstolo afirma que “a mídia distribui mentiras” e pede aos fiéis que não deixem a Igreja e seus preceitos. Em seguida, pediu a contribuição financeira pela segunda vez no culto. Em duas horas, o número de fiéis não ultrapassou 80, enquanto o de colaboradores da celebração era de metade. A capacidade do salão é de 5 mil pessoas.

Espera

Em Miami, Estevam e Sônia Hernandes têm uma audiência preliminar marcada para o dia 24, quando devem enfrentar um júri popular. Na ocasião serão analisadas acusações de lavagem de dinheiro, omissão e contrabando de divisas. Se aceitas, eles passarão à condição de réus e serão julgados.

Segundo o advogado Joel Stewart, que atende a comunidade brasileira em Miami mas não está ligado ao caso, a acusação de lavagem de dinheiro é difícil de ser provada. “É preciso mostrar outros elementos do crime que os impliquem num esforço de levar esse dinheiro para outros lugares.”

Até agora a Alfândega americana não apresentou quaisquer evidências de lavagem de dinheiro contra os brasileiros. Oficiais do FBI, a polícia federal americana, também evitam comentar o caso e negam qualquer envolvimento com a prisão. A mídia local indica que os Hernandes foram adicionados à “lista azul” do FBI, que congrega os suspeitos para o governo dos Estados Unidos.

O casal permanece no Centro de Detenção Federal de Miami em companhia de presos de alto escalão. Entre eles está José Padilla, acusado de repassar dinheiro e recrutas a extremistas islâmicos da Al Qaeda.

Fonte: Estadão

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