As principais igrejas evangélicas que compram horário em emissoras abertas estão se unindo em torno de um projeto em comum para 2017: reduzir o preço do “aluguel” que as emissoras cobram pela venda de horários na grade.

Um grupo de representantes de congregações evangélicas se reuniu dias atrás em São Paulo, tentando fechar questão: querem pagar menos às TVs.

O argumento do grupo, que inclui Igreja Universal, da Graça, Mundial, Vitória em Cristo e Assembleia de Deus, entre outras –maiores compradoras de espaço em TVs abertas UHF e VHF– é que, com a crise econômica nos últimos anos, os fiéis começaram a sumir dos templos, e, com eles, a principal fonte de pagamento às TVs: o dízimo.

Conforme a coluna do Ricardo Feltrin antecipou em março, a crise econômica tem provocado fuga de fiéis das principais igrejas evangélicas.

Não há números oficiais porque as emissoras não revelam, mas estima-se que a venda de horários para igrejas movimenta algo em torno de R$ 600 milhões anuais –só na TV aberta.

A Universal por exemplo, gasta somente com compra de horários em outras emissoras (que não as próprias) algo entre R$ 60 e R$ 80 milhões por ano. Ela está presente no canal 21, na Gazeta e na RedeTV! (além da Record, claro).

A Internacional da Graça, do pastor R.R.Soares, gasta só com a Band, por ano, segundo estimativas do mercado (já que o assunto é sigiloso) entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões.

No caso de Universal, a ideia de reduzir custos, segundo esta coluna apurou, vale até para a “irmã” RecordTV, de quem ela compra todas as madrugadas.

A cúpula da Universal quer reduzir os valores, que neste ano vai passar de R$ 500 milhões. A igreja está hoje focada em outras grandes obras, como a construção de um novo e rico templo de Salomão, agora em Brasília.

A crise fez com que congregações como a Vitória em Cristo, de Malafaia, perdessem horários por causa dos altos custos. Malafaia chegou a anunciar a saída da RedeTV! meses atrás, mas, após uma renegociação (e redução de valor), retornou.

A Igreja Mundial, de Valdemiro Santiago, também tem feito um grande esforço para retornar à TV aberta, mas, naquelas emissoras dispostas a negociar, o pastor tem esbarrado nos preços.

[b]SOB A NÉVOA DA LEI
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A legislação brasileira é nebulosa a respeito da venda de grade de programação de TVs para terceiros. No caso das igrejas há um argumento “extra”: o de que, afinal, são entidades sem fins lucrativos (lei é lei).

Para manter o atual status quo, digamos, “nebuloso”, há uma combinação nacional de interesses:

1) bancadas evangélicas no Congresso que defendem seu quintal muito acima do dos demais;

2) TVs endividadas precisando urgentemente de dinheiro líquido;

3) Desinteresse do Ministério das Comunicações, da Anatel e do próprio governo central de comandar uma regulamentação definitiva do assunto.

Por outro lado é importante incluir que boa parte da falta de dinheiro de emissoras como Band, RedeTV!, Record se deve ao fato de a nata do mercado publicitário brasileiro investir a maioria absoluta de suas verbas na Globo –na TV aberta– e na Globosat na TV fechada.

Algumas dessas TVs, caso perdessem hoje a receita da venda de horários a igrejas, certamente poderiam quebrar, com repercussões previsíveis como demissões em massa, para ficar na mais importante.

Por fim, é justamente por saberem de sua atual importância nas receitas das TVs abertas que as igrejas querem agora descontos no que pagam.

[b]Fonte: Coluna de Ricardo Feltrin – UOL[/b]

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