A incidência de aids no mundo é mais baixa do que a estimada em estudos anteriores, principalmente na Índia e no Quênia, embora a percentagem de pessoas com a doença esteja longe de diminuir, segundo um relatório publicado esta semana.
De acordo com os últimos estudos, apresentados hoje em entrevista coletiva pelo Population Reference Bureau (PRB), de Washington, as taxas de incidência de aids foram reduzidas porque as amostras recolhidas foram maiores, representando melhor a realidade dos países.
Isto não significa que os níveis de infecção tenham diminuído, advertiu hoje o demógrafo do PRB, Carl Haub. Segundo ele, ainda há 4,3 milhões de pessoas portadoras do vírus HIV (da aids) no mundo.
No total, cerca de 40 milhões de pessoas têm aids e, em 2006, mais de 25 milhões morreram por causa da doença.
No caso do Quênia, as novas pesquisas sobre a aids reduziram a taxa de incidência de 15% para menos de 7%. “Uma boa notícia, mas não é um nível baixo”, afirmou Haub.
Cerca de 63% das pessoas com aids no mundo vivem na África Subsaariana, 25 milhões, segundo o PRB.
Hoje, o órgão também chamou a atenção para outros graves problemas que levam às mudanças demográficas atuais no mundo, como a desnutrição e as baixas, ou muito altas, taxas de natalidade.
Da mesma forma que outras organizações, o PRB ressaltou hoje que o crescimento da população mundial é causado, principalmente, pelas altas taxas de natalidade dos países em desenvolvimento.
Os países industrializados têm menos jovens e registram um maior número de idosos, enquanto nos países em desenvolvimento ocorre o contrário.
Uma comparação entre a Alemanha e a Etiópia mostra que, no primeiro caso, a taxa de nascimentos é de 672 mil crianças por ano, frente a de 3,1 milhões do segundo.
Por outro lado, a população com 65 anos ou mais, na Alemanha, soma 15,3 milhões de pessoas, e, na Etiópia, somente 2,2 milhões.
Segundo Haub, as taxas de natalidade em países em desenvolvimento estão se “estabilizando”, caindo de uma média de sete filhos por mulher para menos de três, em alguns casos.
Mesmo assim, no Afeganistão, por exemplo, uma mulher tem, em média, sete filhos e, na Nigéria, seis, de acordo com os estudos divulgados.
Enquanto as altas taxas de natalidade são um problema em uma parte do mundo, as baixas preocupam em regiões como a Europa.
De acordo com Haub, após anos de estagnação, países como a Itália, a Suécia e a Espanha voltam a registrar aumentos nessas taxas, causados, principalmente, pela imigração.
Outro grande problema enfatizado hoje pela PRB e que está ligado aos anteriores, é a desnutrição, que causa a morte de aproximadamente seis milhões de crianças por ano.
Apesar dos progressos registrados em alguns países, cerca de 30% das crianças em nações pobres ou economicamente medianas sofrem de extrema magreza. Os piores casos ocorrem na África Subsaariana e no Sul da Ásia. Na Índia, quase metade das crianças estão subnutridas.
Segundo Richard Skolnik, analista da PRB, praticamente 50% dos menores de cinco anos nos países em desenvolvimento não recebem ferro suficiente em suas dietas. Isto prejudica seu desenvolvimento mental e físico. O mesmo ocorre com a vitamina A.
Na opinião de Skolnik, a desnutrição tem um alto custo humano, mas também econômico para um país, apesar de se tratar de um problema que pode ser evitado com intervenções de baixo custo.
Como exemplo, o analista citou suplementos de ferro que podem custar entre US$ 0,55 e US$ 3,17 e de vitamina A, que custariam entre US$ 1,01 e US$ 2,55.
Segundo Linda Jacobson, em contraste, é preciso destacar o problema da obesidade, que afeta especialmente os países industrializados, mas que, de acordo com ela, também á cada vez mais observado em países em desenvolvimento.
Fonte: EFE