O governo da Índia anunciou no dia 25 de dezembro, dia de Natal, que foi “rejeitada” a renovação da licença para receber fundos estrangeiros das Missionárias da Caridade, congregação católica fundada por madre Teresa de Calcutá
A congregação, fundada em 1950 pela ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, tem sede na cidade de Calcutá e trabalha com algumas das pessoas mais pobres e desamparadas do país, administrando hospitais, escolas e casas de acolhida para crianças abandonadas.
Em 25 de dezembro, o Ministério do Interior da Índia informou que se recusou a renovar o registro das Missionárias da Caridade sob a Lei de Regulamentação de Contribuições Estrangeiras (FCRA) por “não cumprir com as condições de elegibilidade”.
“Ao considerar o pedido de renovação das Missionárias da Caridade, algumas contribuições adversas foram notadas”, disse o Ministério do Interior, sem fornecer mais detalhes.
Na segunda-feira, 27 de dezembro, a ministra-chefe do estado de Bengala Ocidental, Mamata Banerjee, escreveu no Twitter que o governo havia congelado as contas bancárias da congregação religiosa.
O Ministério mais tarde disse que nenhuma conta havia sido congelada, mas que foi informado pelo State Bank of India que a congregação havia enviado um pedido ao banco para congelar suas contas.
As Missionárias da Caridade emitiram um breve comunicado informando que pediram aos seus centros que não operassem nenhuma conta com moeda estrangeira até que o problema da renovação da licença seja resolvido.
“Fomos informados de que nosso pedido de renovação da FCRA não foi aprovado. Portanto, como uma medida para garantir que não haja nenhum lapso, pedimos aos nossos centros que não movimentem nenhuma das contas de FC [contribuições estrangeiras] até que o assunto seja resolvido”, disse a irmã Mary Prema Pierick, atual Superiora das Missionárias da Caridade, em comunicado divulgado em 27 de dezembro.
Na Índia, uma licença sob a FCRA é imprescindível para receber doações estrangeiras e a congregação católica depende em grande medida deste tipo de doações para financiar as suas muitas obras de caridade.
A organização católica administra casas de acolhida em toda a Índia. Segundo o jornal The Hindu, a congregação recebeu cerca de US$ 750 milhões do exterior no ano fiscal de 2020-21.
O fundador do Centro Jesuíta Prashant para os Direitos Humanos, Justiça e Paz, padre Cedric Prakash, lembrou que “as Irmãs Missionárias da Caridade cuidam de milhares de indianos rejeitados independentemente do custo” e, portanto, “interromper o fluxo de fundos para elas, em termos simples, significa privar os mais pobres dos pobres da Índia: os seres que não são cuidados por ninguém”.
“A medida do governo nega aos sem-teto a necessidade humana básica de abrigo e comida, para não mencionar a aceitação, o calor e o amor que eles precisam desesperadamente e que as irmãs e irmãos tão sinceramente lhes fornecem”, lamentou padre Prakash.
O padre também pediu ao governo que “reconsidere esta decisão terrível” e “restaure o bom nome e o trabalho das freiras Missionárias da Caridade”.
“Se há algum problema ou deficiência, deve-se ajudar as irmãs a tratá-los e, sobretudo, que aqueles que são atendidos nas instituições das Missionárias da Caridade não sejam privados desta assistência humanitária básica”, acrescentou.
Sam Brownback, ex-embaixador-geral dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional, considerou “incrível” que o governo indiano “proíba as doações estrangeiras a uma organização fundada pela Madre Teresa, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz”.
“Essa ação errada só prejudica o povo da Índia. Deve-se permitir que as organizações beneficentes ajudem as pessoas necessitadas”, disse em sua conta de Twitter em 27 de dezembro.
A notícia da proibição de fundos estrangeiros veio duas semanas depois que a polícia de Gujarat começou a investigar as Missionárias da Caridade por suposta “conversão forçada” de meninas órfãs resgatadas do trabalho infantil, que vivem em uma casa administrada pela congregação de santa madre Teresa de Calcutá na área de Makarpura.
A missionária da caridade da casa em Vadodara, irmã Clarissa, disse a Asia News que elas estão em estado de choque pela denúncia, que diz ser falsa.
fonte: ACI Digital