Sanal Edamaruku, 56, presidente da Associação Racionalista Indiana, afirmou que a Igreja Católica tenta calá-lo desde que ele em abril desvendou um “milagre” de um crucifixo que gotejava pelos pés.
Ele provou com fotos e vídeo que a “água santa” vinha do vazamento de um encanamento próximo ao crucifixo e quem bebesse dela correria o risco de ser contaminado.
A Igreja Católica deu queixa dele em três delegacias de polícia sob a acusação de desrespeitar a lei da blasfêmia. Em caso de condenação, Edamaruku pode pegar até três anos de prisão.
Edamaruku disse estar surpreso com a reação da Igreja Católica, que, nesse caso, segundo ele, demonstra um fanatismo comparável aos dos fundamentalistas islâmicos. “Eles [os católicos] estão fazendo contra mim uma campanha vigorosa de difamação.” Ele teme ser atacado por féis furiosos.
Afirmou que o responsável por uma das delegacias o intima a prestar depoimento quase todos os dias, obrigando-o a viajar para Mumbai, dando-lhe gastos. Apesar disso, os advogados de Edamaruku não tinham conseguido até a semana passada uma cópia da acusação da Igreja Católica.
A lei da blasfêmia, de acordo com seu texto, se aplica a quem “ferir deliberadamente os sentimentos religiosos e cometer atos maliciosos para ultrajá-los”. Edamaruku afirmou que não pode ser enquadrado nessa lei porque o que fez foi apenas alertar para um engodo.
Disse estar disposto a recorrer a mais alta Corte do país para não só se defender da acusação da Igreja Católica, mas também para questionar a validade da lei da blasfêmia em um país laico. “Esse julgamento seria histórico.”
Joseph Dias, secretário-geral do Fórum Secular Católico-Cristão, negou que o vazamento tivesse sido apresentado como um milagre, mas o crucifixo no subúrbio de Mumbai estava atraindo católicos de toda a Índia em busca de um pouco da “água santa”, sem que a Igreja nada fizesse para deter a romaria.
[b]Fonte: Paulopes[/b]