A polêmica tomou conta da Itália nos últimos dias após a realização de manifestações e rezas de muçulmanos a favor dos palestinos da Faixa de Gaza diante das catedrais de Milão e Bolonha.

Políticos, prelados e imames expressaram hoje seus pontos de vista em veículos de comunicação italianos sobre o significado da escolha de praças diante de catedrais católicas para a realização da reza islâmica e de protestos contra Israel.

O presidente do partido Povo da Liberdade (PDL), Maurizio Gasparri, criticou hoje de forma dura a grande reza realizada no último sábado na praça do Duomo de Milão e presidida pelo imame Abu Imad, assim como a que aconteceu diante da basílica de São Petrônio, em Bolonha, a favor dos palestinos da Faixa de Gaza.

“Quando à Praça do Duomo chegam dez mil muçulmanos guiados por um imame já condenado por terrorismo como Abu Imad me parece que há trabalho para as pessoas que devem garantir a ordem pública”, declarou.

E acrescentou que “é evidente o sentido de ameaça na escolha das principais praças diante das igrejas para a reza islâmica dos últimos dias”.

“A Itália, ao contrário de muitos países árabes, goza de uma grande democracia que garante a todos a liberdade de religião, porém grupos fundamentalistas, como os de Jenner (rua da mesquita de Milão), representam uma ameaça que é necessária ser vigiada e a qual não se pode deixar a possibilidade de ameaçar com impunidade”.

Por outro lado, o imame Abu Imad, que liderou a dez mil muçulmanos em Milão, declarou em entrevista publicada hoje no “Corriere della Sera” que o local da oração foi escolhido de forma fortuita. “Não sabia onde ia terminar a manifestação, nos encontramos ali (praça do Duomo) na hora do reza e assim rezamos”, afirmou.

Explicou que “dentro da alma das pessoas que compareceram havia uma profunda raiva e tristeza. Muitos dos imigrantes na Itália têm parentes na Palestina”.

A Prefeitura de Milão lembrou que o imame foi condenado por conspiração terrorista antes de 11 de Setembro e que embora tenha havido uma evolução em direção à moderação, os milaneses viram pela primeira vez uma praça árabe no Duomo.

Já o presidente do Conselho Pontifício para a Justiça e a Paz, o cardeal Renato Martino, afirmou ao “L’Osservatore Romano” que as rezas não o incomodam, “mas o que o incomodou e alterou foram a queima de bandeiras israelenses, os cartazes e a reza após uma manifestação de ódio. O essencial é o espírito com o qual se reza e a reza exclui o ódio”.

E tudo isto ocorreu “após manifestações anti-semitas com cartazes que equiparavam a estrela de David à suástica nazista”, acrescentou.

Fonte: G1

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