A doutrinação de jovens evangélicos é o ponto central do documentário Jesus Camp, que concorre ao Oscar de melhor documentário hoje à noite, mas deve perder para o filme de Al Gore, Uma Verdade Inconveniente.
Levi, 12 anos: “Estamos sendo treinados para ser o exército de Deus e fazer a vontade de Cristo.Um monte de gente morre por Deus e nem tem medo”. Rachel, 9 anos: “Quando eu crescer, quero ser uma daquelas mulheres que pintam as unhas das outras. É uma ótima oportunidade para falar de Deus, em um ambiente relaxante, com música cristã no fundo. Acho que assim as pessoas conseguem aceitar a mensagem de Deus”.
Levi e Rachel são algumas das centenas de crianças de 5 a 14 anos que freqüentam a colônia de férias evangélica “Kids on Fire”, no Estado americano de Dakota do Norte. Lá, Levi e Rachel entram em transe e estrebucham no chão, recebendo chamados de Jesus; aprendem com minúsculos fetos de plástico a condenar o aborto; quebram xícaras que representam o governo secular que tirou Cristo das escolas; ouvem sermões contra Harry Potter e Britney Spears e abençoam cartazes de George W. Bush.
A coordenadora da colônia é a pastora Becky Fischer, uma evangélica que se especializou em doutrinar crianças a partir de 5 anos. “Nossos inimigos também estão concentrando seus esforços nas crianças ; quero ver jovens tão comprometidos com a causa de Cristo como existem jovens comprometidos com a causa do Islã”, diz Becky. “Posso ir para um playground com crianças que não sabem nada sobre o cristianismo e guiá-las até Deus; rapidamente, elas estarão tendo visões de Deus e ouvindo a voz divina.”
A doutrinação de jovens evangélicos é o ponto central do documentário Jesus Camp, que concorre ao Oscar de melhor documentário hoje à noite, mas deve perder para o filme de Al Gore, Uma Verdade Inconveniente.
É uma pena. Jesus Camp é um dos documentários mais impressionantes dos últimos tempos. O filme retrata 80 milhões de evangélicos dos Estados Unidos, cerca de 25% da população americana, que educam seus filhos em casa, negam a teoria da evolução e a existência do aquecimento global e têm cada vez mais influência na política. “Nunca na história tivemos um ambiente tão amigável em relação ao cristianismo, e grande parte disso se deve ao presidente Bush, que trouxe credibilidade à fé cristã”, diz Becky.
O avanço do fundamentalismo incomoda cristãos moderados. “Eles estão determinados a acabar com a separação entre Igreja e Estado, controlam a Casa Branca, o Congresso e o Judiciário há dez anos”, diz o radialista cristão Mike Papantonio.
Um momento irônico do filme é o sermão de Ted Haggard, que foi o todo-poderoso presidente da Associação Nacional dos Evangélicos. Haggard reunia-se toda semana com George W. Bush ou seus assessores. Mas o superpastor caiu em desgraça no fim do ano passado, acusado por um garoto de programa de ter mantido relações homossexuais e usado drogas.
Fonte: Estadão
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