O nome parece até de brincadeira de criança, mas a realidade não é nada divertida. O “Jogo do Tigrinho”, que promete ganhos espetaculares, nada mais é que um cassino online disfarçado de bichinhos coloridos. Além do prejuízo financeiro, o jogo pode trazer uma série de transtornos para o cristão, que vão desde falhar na devolução dos dízimos e das ofertas até brigas e prejuízos dentro de casa.
Uma mulher em Alagoas, por exemplo, afirmou, em depoimento à polícia, ter perdido algo em torno de R$ 400 mil por conta das apostas feitas pelo seu neto. A “mordida” desse tigre resultou na prisão recentemente de influenciadores digitais que divulgavam o aplicativo em troca de cachês que chegavam a R$ 400 mil. O grupo já teria movimentado, apenas este ano, mais de R$ 20 milhões.
O lucro do Jogo do Tigrinho é tão absurdo que a sua movimentação financeira é sete vezes maior do que a da Bolsa de Valores. Para efeito de comparação, caso esse tipo de jogo seja legalizado – como prevê o projeto de lei que pretende autorizar o funcionamento de cassinos e bingos no país – renderia algo em torno de R$ 4 bilhões em impostos para a União.
Atualmente, essa plataforma de apostas digitais se enquadra na Lei de Contravenções Penais, que “classifica como crime os jogos de azar em que o ganho ou a perda dependem da sorte”, além do art. 2 da Lei 1521/51, a Lei de Crimes Contra a Economia Popular, que “estipula pena de seis meses a dois aos a quem explora os jogos de azar”.
Mas afinal, o que seria esse “Jogo do Tigrinho” e quais os riscos que ele traz para a sociedade, em especial, para a igreja? O “Fortune Tiger” foi desenvolvido pela empresa PG Soft, localizada no arquipélago de Malta, na Espanha.
Para jogar, o apostador deposita uma taxa que lhe dá direito a fazer uma tentativa para acertar uma combinação com três figuras iguais, nas três fileiras que aparecem na tela. Pelas regras, os pagamentos ocorrem conforme os símbolos como: Laranja, Foguete, Envelope, Supostamente, Saco de Moedas, Amuleto da Sorte, Lingote de Ouro e o Tigre da Fortuna, que gera um ganho extra.
Os riscos do Tigrinho para a vida do cristão
Além do prejuízo financeiro, o Jogo do Tigrinho pode trazer uma série de transtornos para quem é fiel a Deus: falhar na devolução dos dízimos e das ofertas, perder um tempo precioso que poderia ser aproveitado com o estudo da Bíblia e a oração, perder a concentração durante o culto, ficar com ansiedade preocupado com a perda do dinheiro, brigas e prejuízos dentro de casa são alguns exemplos.
Para o professor e Doutor em Ciências Sociais, Élcio Sant’Anna, o hábito de jogar esse tipo de cassino virtual vai muito além de um entretenimento. Na sua opinião, quando um cristão confia em ganhar dinheiro de forma fácil, em um esquema de sorte e azar, perde e ganha, no intuito de melhorar de vida, acaba tirando o foco de uma das maiores qualidades de Deus: a providência divina.
“Deus é que determina o futuro, a prosperidade dos seus servos. Se a Sua providência é uma questão importante a ser considerada, então, não cabe a você acreditar em destino, em forças da natureza e em sorte ou azar. Por isso, jogos visando receber algum tipo de lucro em detrimento de outra pessoa ter que perder, um cristão não deveria se envolver com isso”, orienta.
O professor lembra também que jogos desse tipo atingem o campo psicológico. “A concupiscência é uma das coisas mais difíceis do ser humano lidar. Ela parte do pressuposto que existe uma força que está acima do meu controle. E o jogo ativa, como um gatilho, a concupiscência. Chegará um tempo que teremos de analisar esses jogos online de perde e ganha como um problema de saúde pública”, alerta.
Outra palavra que o professor faz questão de citar é a compulsividade. Ele explica que jogos de azar como esse podem levar a pessoa a desenvolver a compulsividade não apenas pelas apostas, mas para outras áreas de sua vida. “O problema é que a compulsividade não permite que a gente organize o nosso tempo. Ela vai ganhando cada vez mais espaço e, de repente, algumas coisas estão totalmente fora de controle em nossa vida”, ressalta Sant’Anna.
Jogo de azar é pecado
De acordo com o pastor Leonino Barbosa Santiago, que é mestre em Liderança pela Andrews University, todo jogo de azar é pecado. “O conceito de ganhar à custa dos outros tem se tornado uma espécie de maldição moderna. ‘O dinheiro ganho com desonestidade diminuirá, mas quem o ajunta aos poucos terá cada vez mais’ (Provérbios 13:11)”, enfatiza.
Para o pastor Santiago, o fundo de todos os males é o amor ao dinheiro. Ele ainda cita 1Timóteo 6:9-10 como forma de alertar o cristão: “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos”.
Fonte: Comunhão