O juiz da Auditoria Militar, Ruslan Blaschikoff, aceitou – em todos os seus termos – a denúncia oferecida pelo promotor da Justiça Militar, Alexandre José de Barros Leal Saraiva, contra o padre José Severino Cheregatto, ex-capelão da Capela Nossa Senhora de Loreto, que fica ao lado da Base Aérea de Fortaleza (BAFz).

Em decorrência disso, foi aberto o processo (até então era um inquérito) e o acusado vai responder por homicídio duplamente qualificado por surpresa (artigo 205, parágrafo 2º, inciso IV, do Código Penal Militar). Além disso, o magistrado determinou a revogação do segredo de Justiça, uma vez que o processo é público.

Com essa decisão, também foi foram marcadas as audiências para ouvir o próprio padre Cheregatto, no dia 6 de novembro, as 14 horas, quando ele será interrogado a respeito das mortes dos soldados Francisco Cleoman Fontenele Filho, 20 anos, e Robson Mendonça Cunha, de 19, ocorridas no dia 10 de setembro de 2004. Os corpos das vítimas foram encontrados em um paiol, no interior da Base, apresentando um disparo de arma de fogo (pistola calibre 9 milímetros), cada. Estavam sem camisa e um sobre o outro, em um beliche existente no local, levando o Comando da BAFz, naquele momento, a afirmar que tratava-se de um caso de homicídio, seguido de suicídio.

Apesar disso, a namorada de Francisco Cleoman, Gabriela de Assis Wanderley, conversava com ele ao telefone e chegou a escutar o disparo que o matou. Ela afirmou não ter escutado nenhuma discussão antes do estampido. Por esse motivo, será uma das primeiras testemunhas a ser ouvidas pelo juiz auditor. Seu depoimento está marcado para o dia 9 de novembro. Naquela mesma oportunidade, será ouvido o suboficial da Reserva Remunerada da Força Aérea Brasileira (FAB), Sansão Furtado Leal. Posteriormente, outras pessoas serão chamadas para depor no decorrer do processo.

A defesa

Os advogados Paulo Quezado e João Marcelo Pedrosa, procuradores do padre José Severino Cheregatto, dizem que a acusação contra ele é totalmente improcedente. “Houve um grave equívoco do promotor de Justiça, já que não há qualquer indício de autoria criminosa nos autos, bem como relação de causa entre o padre e as vítimas a quem, sequer, ele conhecia”, disseram.

Eles salientaram, ainda, que provarão a inocência do religioso. “Até a quebra dos sigilos bancário e telefônico nada revelou sobre a existência de possíveis ligações entre o padre Cheregatto e os dois rapazes. Vamos demonstrar, no curso do processo, a inocência do capelão”, concluíram os dois advogados.

Fonte: Diário do Nordeste

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