Um juiz de Los Angeles aprovou nesta segunda-feira um acordo de US$ 660 milhões entre os menores que teriam sofrido abusos sexuais por padres e a arquidiocese católica da cidade.

A audiência na Corte Superior do Condado de Los Angeles foi acompanhada pelas vítimas e por seus advogados, que no fim da sessão afirmaram que tantos anos de sofrimento não são solucionados por um acordo financeiro.

O entendimento foi adotado no fim de semana entre as partes e a quantia que deve ser paga é a maior neste tipo de caso na história da Igreja Católica nos Estados Unidos.

Em entrevista coletiva realizada este domingo, o arcebispo de Los Angeles, cardeal Roger Mahony, pediu “perdão” às 508 vítimas e disse que foi algo “que não deveria ter acontecido e nem voltará a ocorrer”.

Algumas vítimas choraram após o juiz Haley Fromholz confirmar que aprovava o acordo, que começou a ser elaborado há cinco anos.

Além disso, os presentes na audiência guardaram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas, que eram crianças quando os abusos ocorreram, alguns em 1930.

“Este é o resultado correto. Chegar a um acordo sobre isso é o que deveria ter sido feito e foi possível graças à força de uma série de pessoas extremamente talentosas e dedicadas que investiram muito tempo”, disse Fromholz.

A quantia que será paga a cada vítima vai variar de acordo com a gravidade e a duração do abuso denunciado.

Além disso, os advogados esperam que seus clientes recebam até 40% dos US$ 660 milhões.

Mahony disse na coletiva de domingo que desejava “devolver” às vítimas a vida que elas tinham antes dos fatos e que assim como uma “fita de vídeo, fosse rebobinada e depois apagada”.

“Durante estes meses até chegar a um acordo, pude entender com muito mais profundeza estes terríveis pecados e crimes pelos quais as vítimas passaram”, disse Mahony.

Ele acrescentou que “é impossível voltar no tempo e devolver a inocência que foi tirada (das vítimas). É algo que desejo dar a elas, mas que não posso”.

Por fim, afirmou que para honrar o pagamento das indenizações, a Igreja Católica deverá vender uma série de imóveis, utilizar alguns fundos de investimento que possui e pedir empréstimos.

Na saída do tribunal, uma das vítimas mostrou uma imagem sua com um sacerdote ainda em atividade e qualificou as palavras de Mahony de “falsas”.

O anúncio do acordo acontece no mesmo dia em que réus e queixosos deveriam se enfrentar num julgamento que estava previsto para começar ontem.

O valor estipulado é o mais alto que a Igreja Católica nos EUA pagou em processos nos últimos anos por abusos sexuais cometidos por padres em várias dioceses do país.

Entre os mais de 5 mil sacerdotes que atuaram na arquidiocese de Los Angeles entre 1930 e 2003, 113 foram acusados de abusos, segundo relatório oficial da arquidiocese de Los Angeles, publicado em fevereiro de 2004.

Do total de acusados, 43 morreram, 54 largaram a batina e 16 permaneciam na função. Destes últimos, quatro foram suspensos e enfrentam processos. Contra os outros 12 casos não foram encontradas provas suficientes.

Em outubro de 2005, a arquidiocese de Los Angeles revisou a diretriz de políticas para adultos que se relacionam com menores nas suas atividades.

O guia compreende 17 pontos que devem ser seguidos por qualquer adulto que trabalhe ou seja voluntário em atividades com menores.

Em 2004, a diocese americana de Orange (Califórnia, perto de Los Angeles) alcançou um acordo para pagar US$ 100 milhões a cerca de 90 vítimas de abusos sexuais atribuídos a padres e funcionários da Igreja, o que a coloca em segundo lugar na escala de quantias milionárias.

Depois dos primeiros processos por abuso sexual, em Boston, em 2002, foram apresentados milhares de novas denúncias contra dioceses em todos os EUA, que foram obrigadas a pagar montantes milionários em acordos extrajudiciais com as vítimas.

Fonte: EFE

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