No dia 8 de outubro foi realizado o apelo contra a execução de Asia Bibi na Suprema Corte do Paquistão. A sessão durou mais de duas horas.
O advogado de Asia Bibi, Saif-ul-Malook, apresentou o argumento de que não há evidência suficiente contra a cristã e de que o processo foi feito com intenção criminosa.
Já o advogado de acusação, Ghulam Mustafa Chaudhry, afirmou que desrespeitar o islamismo era parte da fé cristã e que Asia Bibi seguia uma tradição de discurso de ódio contra o islã e seu profeta.
A acusação alegou que Asia Bibi era uma “pregadora” e que na tarde de 14 de junho de 2009 ela estava fazendo colheita nos campos quando, do nada, começou a falar mal do islamismo, do alcorão e de Maomé. Ele afirmou que uma assembleia de clérigos e líderes do vilarejo haviam investigado o caso e que Asia Bibi havia “confessado” ter feito afirmações blasfemas, tendo sido entregue à polícia em seguida. (Asia Bibi, por sua vez, sempre afirmou que nunca insultou o islã, nem seu profeta e nunca confessou fazê-lo).
O advogado de defesa começou lendo a primeira queixa, feita em 19 de junho de 2009, cinco dias depois da suposta blasfêmia. Ao ler, ele pulou as blasfêmias em si e deixou para os juízes lerem, pois só o fato de as ler em voz alta poderia ser considerado como blasfêmia. Ele então relatou: “A discussão começou quando, no calor do dia, Asia trouxe água para duas colegas de trabalho, Mafia Bibi e Asma Bibi, que são irmãs. Elas se recusaram a pegar, dizendo ‘como você é cristã, nós não podemos aceitar água das suas mãos’”. (Os cristãos no Paquistão são considerados “intocáveis”, o que é um resultado do sistema de castas hindu herdado da Índia). As duas irmãs, então, levaram o caso a Samina Bibi, esposa de Qari Muhammad Salaam, que se tornou o autor da queixa, baseado em boatos.
A defesa ressaltou ainda que a queixa foi escrita por um advogado não identificado e que “há a possiblidade de se ter colocado Salaam como autor da queixa porque ele não foi testemunha ocular do incidente” e também questionou por que as 20 outras mulheres que trabalhavam nos campos não foram interrogadas pela polícia.
O advogado de defesa, Malook, disse ainda que as testemunhas de acusação se contradisseram, sugerindo pelo menos quatro locais diferentes para o incidente e número de participantes envolvidos variando de 200 a 2.000.
Um dos três juízes presentes na audiência, Asif Saeed Khosa, perguntou por que as testemunhas não admitiram que elas provocaram Asia Bibi sobre sua religião e afirmou: “Ela foi insultada”. Em seguida, leu o verso do alcorão, que diz: “E não insulte aqueles que invocam outro que não seja Alá, para que não insultem a Alá em inimizade sem conhecimento” (6:108). “Por que vocês não seguiram essa ordem de Deus? Isso poderia ser um caso de insulto versus insulto”, afirmou.
Na mesma semana da audiência na Suprema Corte, o marido de Asia Bibi e sua filha mais nova, Eicham, estavam em Londres, para conscientizar sobre a situação da cristã perseguida por sua fé.
Continue orando por Asia Bibi, pois ainda não saiu o veredito dos juízes após o apelo, o que pode demorar semanas. Apenas a Suprema Corte do Paquistão pode mudar a sentença de morte da cristã ou ela terá que apelar ao presidente por misericórdia.
Fonte: Missão Portas Abertas