A cristã Rhoda Jatau está presa há um ano na Nigéria e esperava ser liberta na última segunda-feira. De modo arbitrário, Rhoda foi detida e mantida longe dos cinco filhos por enviar uma mensagem de WhatsApp para colega da universidade lamentando o assassinato brutal de outra cristã local, Deborah Samuel (que foi apedrejada e queimada até a morte por colegas dentro de uma universidade) em 2022 e foi acusada de blasfêmia por isso.
A cristã trabalhava na área da saúde e teve os planos de estudo frustrados pela prisão. Desde que foi presa, o julgamento tem sido adiado dia após dia. Apenas nas audiências ela consegue rever a família, que precisou ser deslocada da região onde vivia por causa das ameaças de ataques de multidões iradas. Enquanto isso, os assassinos de Deborah Samuel permanecem impunes.
A audiência na Alta Corte do estado de Bauchi determinou que Rhoda continuará presa durante o julgamento e sem direito à liberdade sob pagamento de fiança pelo crime de blasfêmia. A decisão foi uma grande decepção para a cristã, sua família e advogados. Se for condenada pela acusação de blasfêmia, Rhoda terá que cumprir até três anos na prisão ou pagar um alto valor como fiança.
“Rhoda Jatau foi condenada por exercer, de maneira pacífica, o seu direito de liberdade de expressão e liberdade religiosa. É inaceitável que ela seja condenada apenas por compartilhar mensagens condenando a violência da qual a cristã Deborah foi vítima, enquanto nenhuma ação foi tomada para responsabilizar a multidão que atacou e tirou a vida de Deborah Samuel, também por acusações arbitrárias de blasfêmia em mensagens de WhatsApp”, disse um especialista da Portas Abertas sobre a África Subsaariana.
“A forma como os grupos irados se voltaram tanto contra Deborah quanto contra Rhoda mostra claramente a cultura de impunidade contra agressores em algumas partes da Nigéria. A criminalização da blasfêmia vai contra a Constituição nigeriana e os Direitos Humanos e contribui para o aumento da violência”, acrescenta o especialista.
Atualmente, acusações de blasfêmia podem resultar em prisões, como o caso de Rhoda, e em 12 estados na Nigéria onde a sharia (conjunto de leis islâmicas) é aplicada como lei de Estado, a blasfêmia ao islã pode ser punida com sentença de morte. Esse é um exemplo da opressão que torna a Nigéria o país mais violento contra cristãos da LMP 2023.
Fonte: Portas Abertas