Lideranças religiosas, membros da diretoria do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e parlamentares da bancada do PT se reuniram, na manhã da última quinta-feira, 8 de fevereiro, no Senado Federal, para um debate que envolveu temas como processo de ruptura do pacto democrático estabelecido com a constituição de 1988, processos de privatização, em especial da Eletrobrás, e os riscos que isso representa à soberania do país, a reforma da previdência e o papel relevante das igrejas ao desenvolvimento de ações estratégicas para um pacto em favor da democracia brasileira e temas como os riscos da privatização da água e a fragilidade da segurança hídrica brasileira.
Na avaliação do líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), o Brasil tem passado por um processo de desnacionalização “sem precedentes”, com a venda do patrimônio nacional para empresas estrangeiras, além da diminuição da proteção social aos mais necessitados.
“Tenho uma grande preocupação com a democracia brasileira e com a situação do povo mais pobre. Tudo estoura no povo mais pobre. É impressionante o número de pessoas dormindo nas ruas das grandes cidades. E numa situação como essa, o governo cortou mais de um bilhão de reais em recursos do Bolsa Família”, denunciou.
O aumento da violência, em suas mais diferentes formas, principalmente violência agrária e contra populações indígenas, as contínuas manifestações de ódio e intolerância relacionados ao preconceito e ao racismo também entraram na pauta da conversa, destacando-se a importância do papel das Igrejas para estabelecer pontes de diálogo para a superação destas práticas.
Os senadores e as senadoras presentes enfatizaram a importância das Igrejas no passado para a abertura democrática e destacaram que nesse atual momento é fundamental que as Igrejas continuem mobilizando e conscientizando a sociedade sobre a necessidade de se garantir direitos às pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica.
A senadora e presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que após a ditadura militar houve uma construção nacional na qual foram pactuados três importantes pontos na Constituição: voto universal e eleições livres, um cinturão social de proteção ao povo com a seguridade social e a soberania nacional. Pilares fundamentais para o desenvolvimento nacional, segundo ela. “Esses pilares estão sendo rompidos”, enfatizou.
CONIC
Os integrantes da diretoria do CONIC destacaram que o Conselho tem buscado, desde a sua criação, confrontar a sociedade brasileira com os valores do Evangelho. A preocupação do CONIC é com a vida das pessoas mais pobres, por isso, o organismo tem se manifestado em favor da garantia dos direitos humanos e da universalização da saúde e da educação. Neste sentido, ratificaram que o CONIC é um espaço privilegiado para as Igrejas expressarem seu testemunho em favor da justiça social e do aprofundamento da democracia, que se faz com a distribuição de riquezas e a preservação de recursos naturais, como a água. Dom Teodoro, membro da diretoria do CONIC, lembrou que as igrejas-membro do Conselho representam cerca de 200 milhões de pessoas, justamente por isso, a responsabilidade do Conselho é grande.
Finalmente, a diretoria do CONIC chamou atenção para a importância do encontro, sobretudo porque também contou com a presença de pessoas vinculadas à igrejas que ainda não fazem parte do Conselho, declarou estar aberto para dialogar com outras forças políticas, pois essa postura é uma das formas para que sejam avaliadas as atuações dos parlamentares e seu compromisso com plataformas políticas que beneficiem o conjunto da população brasileira.
Fonte: CONIC