Muitos dos pastores que apoiaram candidatos há quatro anos hoje preferem não tomar posição na disputa. Outro aspecto novo é que a candidatura do pastor Everaldo, pelo PSC, atraiu apoio do segmento.
Personagens com participação controversa na eleição de 2010, pastores evangélicos deverão desempenhar um papel mais discreto no primeiro turno da disputa deste ano. Isso porque a presença de lideranças religiosas nas campanhas mais competitivas deverá ser menor agora.
Do lado petista, muitos dos que apoiaram a presidente Dilma Rousseff quatro anos atrás não estão mais com ela. É o caso do bispo Manuel Ferreira, líder do ramo Madureira da Assembleia de Deus, e do senador Magno Malta (ES), embora seu partido, o PR, esteja coligado com o PT. Hoje, os dois pedem voto para o Pastor Everaldo (PSC), outro membro do ramo Madureira, ele próprio também apoiador de Dilma em 2010.
Tido como um dos mentores da candidatura Everaldo (3% no Datafolha), Ferreira diz que as igrejas se afastaram de Dilma “por uma questão de princípios”. Faltou a ela a defesa de pilares firmados com o PT, como “a defesa da vida” (referindo-se ao aborto) e “o respeito à família tradicional” (em oposição à ampliação de direitos de homossexuais), afirma. Líder da Sara Nossa Terra e também pró-Dilma em 2010, o bispo e ex-deputado Robson Rodovalho está indeciso.
Assim, entre as evangélicas com muitos seguidores, a Igreja Universal poderá ficar como a única apoiadora de Dilma neste ano. Na última quinta (31), ao lado do bispo e empresário Edir Macedo, ela prestigiou a inauguração de um enorme templo da denominação em São Paulo.
Do lado tucano, a situação é parecida. Nem todos os apoiadores de Serra em 2010 estarão com Aécio Neves neste ano. Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial, não deu sinais de que irá se envolver na eleição presidencial. Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, também fechou com Everaldo.
Outros dois influentes apoiadores do PSDB em 2010 ainda não definiram posição. Um deles é Renê Terra Nova, com forte atuação na região Norte. O outro é José Wellington Bezerra, da Assembleia de Deus Belém, o maior grupo dentro da denominação.
Cientistas políticos concordam que os evangélicos poderão ficar menos visíveis no primeiro turno. Mas não necessariamente mais fracos. “Com candidato próprio, a tendência é de fortalecimento político”, diz Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC. “Num segundo turno acirrado, terão enorme poder de barganha.”
Para Ricardo Ismael, da PUC-Rio, o ambiente favorece Everaldo: “No mundo de hoje, em que muitos desconfiam dos políticos, ele tem um diferencial. Repare que ele adotou pastor’ no nome e já está à frente de candidaturas ideológicas, como a do Psol. Ninguém baterá nele, então poderá crescer”.
[b]Fonte: Jornal O Povo[/b]