O novo desenho da Disney, Lightyear – derivado da franquia Toy Story – estreou nos cinemas brasileiros em 16 de junho de 2022. Nos Estados Unidos, o longa chegou um dia depois, em 17 de junho.
Só nas ‘prévias de quinta-feira’, o longa garantiu uma bilheteria acima de 5 milhões de dólares. Ou seja: até o final de suas exibições originais, o filme tem tudo para faturar valores impressionantes.
Mas em grande parte do mundo muçulmano e também na China, autoridades proibiram o filme de animação da Disney de ser exibido nos cinemas após a inclusão de beijo gay.
O filme da Pixar foi barrado por 14 nações e o território palestino e isso representa um grande desafio nas bilheterias de um dos maiores filmes de animação da Disney do ano, conforme explicou a Walt Disney Co.
Vale citar que a indústria cinematográfica também enfrentou as consequências da pandemia por Covid-19, quando muitas empresas faliram após a crise econômica.
Conforme analistas, o filme poderia arrecadar mais de 100 milhões de dólares (cerca de 550 milhões de reais) em seu primeiro fim de semana.
Sobre a cena gay do filme
O ator Chris Evans — que interpretou o Capitão América no universo cinematográfico da Marvel — deu voz à inspiração para o herói astronauta Buzz Lightyear dos filmes “Toy Story”. No Brasil, o personagem é dublado pelo apresentador Marcos Mion.
O filme inclui uma personagem feminina, amiga próxima de Buzz, dublada pela atriz Uzo Aduba, que beija sua parceira em uma cena do filme que custou 200 milhões de dólares (pouco mais de 1 bilhão de reais).
Isso provou ser demais para os críticos de muitas nações de maioria muçulmana, onde as leis criminalizam relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Executivos da Disney já haviam retirado a cena do beijo lésbico do filme, mas funcionários protestaram tornando a ação pública.
De acordo com a alegação, em março, executivos da empresa haviam solicitado cortes de “quase todos os momentos de demonstrações de afeto gay”. Sendo assim, a polêmica cena foi reinserida.
“Sempre pretendemos que esse relacionamento estivesse lá”, disse Angus MacLane, diretor da produção, ao site Yahoo Entertainment.
Posicionamento islâmico
As nações islâmicas que se recusaram a exibir o filme incluem Bahrein, Egito, Indonésia, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Malásia, Omã, Catar, Arábia Saudita e Síria, conforme a Disney.
Os Emirados Árabes Unidos, lar de Abu Dhabi e Dubai, anunciaram no início desta semana que também não permitiriam que o filme fosse exibido.
De acordo com as leis muçulmanas, gays e lésbicas são considerados pecadores. Em algumas partes do mundo árabe, membros da comunidade LGBT foram presos e condenados à prisão. E alguns países ainda mantêm a pena de morte.
China pede cortes no filme
A animação não deve estrear na China — maior mercado de cinema do mundo — onde a Walt Disney também não conseguiu permissão, de acordo com a Reuters.
Uma produtora de “Lightyear” disse ao veículo de comunicação que autoridades chinesas pediram que cortes fossem feitos no filme, mas a Disney se recusou a fazer. Dessa forma, o filme não será exibido aos chineses.
Sobre a rejeição
As estrelas do filme consideram a decisão decepcionante. “Sim, é frustrante”, disse Evans à AP News no início desta semana, na estréia de “Lightyear” em Londres.
“É bom fazer parte de algo que está fazendo progresso social, mas é com essa frustração agridoce que, ao mesmo tempo, vemos que ainda há lugares que não progrediram”, opinou.
Os estúdios já tiveram os críticos cortando seus filmes que estavam em distribuição global, no passado, inclusive no mercado do Oriente Médio.
Legislação da Flórida barra movimento LGBT nas escolas
Recentemente, a Disney enfrentou protestos de ativistas e de sua própria equipe sobre o que eles descreveram como “resposta lenta do CEO Bob Chapek”, executivo da Walt Disney que trabalha na mídia.
Os ativistas LGBT criticaram publicamente a legislação da Flórida, onde o governador Ron DeSantis assinou um projeto de lei que proíbe disciplinas sobre orientação sexual e ideologia de gênero no jardim de infância até a terceira série.
Bob Chapek enviou um memorando recente direcionado à equipe da Disney, assegurando que “a empresa apoia a comunidade gay e prometeu ajudar a promover a ideologia LGBT, doando 5 milhões de dólares a grupos ativistas”.
“Quero ser muito claro: eu e toda a equipe de liderança apoiamos inequivocamente nossos funcionários LGBTQ+, suas famílias e suas comunidades. E estamos comprometidos em criar uma empresa mais inclusiva”, declarou Chapek.
Folha Gospel com informações de Pleno News, Guia-me e Observatório do Cinema