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Levantamento na Marcha para Jesus mapeia voto religioso, que migra para o centro, e mostra queda na representatividade de líderes como Silas Malafaia.

A aproximação da eleição presidencial de 2018 começa a mexer com o imaginário político de eleitores evangélicos. Mas longe de destinarem sua preferência a um virtual candidato também evangélico ou ligado a igrejas, a preferência se polariza entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 12,5% das intenções de voto, e o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), com 11,56%.

É o que mostra pesquisa realizada pelo grupo de estudos de mídia, religião e cultura (Mire) da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). Trata-se do primeiro recorte evangélico das intenções de voto a um ano do começo da campanha de 2018, mas sem o peso de uma pesquisa eleitoral tradicional. O grupo entrevistou 424 evangélicos na última quinta-feira 15, durante a 25ª edição da Marcha para Jesus, em São Paulo.

O levantamento aponta o deputado Jair Bolsonaro (PSC) em terceiro com 8,25%. Na sequência está a evangélica Marina Silva (Rede), com 6,37%, seguida pelo juiz Sérgio Moro (não filiado a partido), com 4,72%. O grosso do eleitorado não está decidido. Os votos brancos e nulos somam 27,36% e os que não souberam ou não quiseram responder, 25%.

O coordenador da pesquisa, o sociólogo Leandro Ortunes, avalia que a prevalência de Lula na dianteira da preferência do eleitorado se deve a um “sentimento de militância ou de identificação político-ideológico”, sendo que 97% dos que disseram votar no ex-presidente também disseram sentir afinidade com o PT.

“O mesmo não ocorre com João Doria. Na pesquisa, 79% das pessoas que afirmaram votar nele não se identificam com nenhum partido político. Com isso, temos o PT se reafirmando como partido e Doria ganhando espaço com o discurso do anti-político”, afirma.

O levantamento mostra uma guinada do eleitorado religioso para o centro do campo político. Em 2016, 62,7% se disseram sem inclinação ideológica para esquerda, direita ou centro. Agora, 62,3% se disseram de centro. Mas Ortone considera que esse posicionamento não é definitivo devido à falta de clareza dos entrevistados sobre o que é ser de centro.

A direita e a esquerda concentraram 10,85% da preferência, respectivamente, enquanto 5,19% se disseram sem predileção político-ideológica e 11,8% não quiseram opinar.

[b]PT cresce e Malafaia recua
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De acordo com a pesquisa, 80,66% dos evangélicos se dizem sem preferência partidária, número próximo ao verificado em 2016 (81,6%). Mas o PT ampliou a margem de preferência ao sair de 7,6%, no ano anterior, para 12% em 2017.

Na contramão do crescimento petista, o PSDB sofreu uma ligeira queda de 4,9% (2016) para 3,54% (2017). O PMDB aparece num distante terceiro lugar, com 1,65% da preferência evangélica.

De acordo com o coordenador da pesquisa, a queda do PSDB reflete o impacto da delação da JBS sobre o senador tucano Aécio Neves (MG), afastado do cargo por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

Já a identificação maior de parte do eleitorado evangélico com o PT pode indicar uma reafirmação do partido ante um “vácuo” político proporcionado pelo recuo do PSDB.

“Mesmo diante das delações e da Operação Lava a Jato, Lula e Dilma [Rousseff, ex-presidente cassada em 2016] permanecem sem condenações. Por isso temos o PSDB se fragmentando com as delações e o PT se reafirmando diante deste vácuo. Outro fato que pode ter elevado o índice do PT é que, na pesquisa de 2016, era o período do impeachment, momento de desgaste para o partido. Por outro lado, em 2017, o desgaste afetou o PSDB”, compara.

A pesquisa mostra também distanciamento dos religiosos em relação à bancada evangélica no Congresso Nacional. A bancada é vista com desconfiança por 27,12% dos entrevistados, que não se sentem representados pelos parlamentares evangélicos.

Outros 39,39% disseram não conhecer a bancada, enquanto 20% afirmaram que o grupo evangélico de deputados e senadores os representa. “Percebemos que não é algo isolado, os movimentos políticos religiosos estão em descrédito assim como os movimentos somente políticos”, diz Ortone.

Já o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, perdeu o posto de liderança religiosa entre os representantes evangélicos na mídia. Em 2016, entre os entrevistados, 58,6% diziam se sentir representado ou muito representado por ele. Esse indicador caiu para 34,9% em 2017.

O índice de rejeição do pastor experimentou movimento inverso, saltando de 13,9% para 25% nesse período. “Os líderes religiosos estão perdendo a credibilidade perante seus fiéis”, afirma Ortunes.

É preciso atentar, porém, para a composição da Marcha para Jesus no que diz respeito a qual igreja ou denominação evangélica os participantes do evento se filiam.

Segundo outro levantamento realizado no mesmo dia por pesquisadores da USP e da Unifesp, os fiéis da Renascer em Cristo, organizadora da marcha, são maioria: 60%. Em seguida, aparece a Assembleia de Deus (11%), a igreja Batista (4%) e, por fim, a Universal (2,7%).

[b]Fonte: Carta Capital[/b]

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