Uma denúncia formalizada por 26 maçons e levada na quinta-feira 29 ao Ministério Público acusa o grão-mestre da ordem, Edelcides Lino de Melo, de participação num esquema que mistura movimentações financeiras suspeitas, operações com laranjas e supostas fraudes contábeis.

A maçonaria, uma das mais antigas, misteriosas e poderosas irmandades do mundo, está em guerra em Brasília.

O caso, que já despertou atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), começou quando maçons descobriram um estranho pagador do aluguel de um prédio de propriedade da Grande Loja Maçônica de Brasília, espécie de tribunal supremo que congrega 32 lojas maçônicas da capital e que tem Edelcides como líder-mor. No imóvel, situado na cidade-satélite de Taguatinga, funciona uma escola.

Mas, ao longo de todo o ano passado, quem pagou as contas foi um cidadão chamado Walterson Frutuoso Soares, modesto pensionista do INSS, morador da periferia, que ganha R$ 240. Acionado, o Coaf detectou que, apesar de suas poucas posses, Walterson movimentou R$ 143 mil entre fevereiro e dezembro de 2005. Boa parte desse dinheiro foi parar nas contas da Grande Loja.

Segundo a denúncia, Walterson é a ponta aparente de um grupo que estaria usando a escola para lavar dinheiro – e com a conivência do grão-mestre Edelcides Melo. Os maçons rebelados sustentam que Melo sempre soube das operações e teria até participado de reuniões com os verdadeiros donos do dinheiro. Algumas delas dentro da maçonaria, ao redor da mesa usada para reuniões secretas.

A acusação, que gerou um cisma dentro da Grande Loja brasiliense, atribui ao grão-mestre outra suspeita: a de que balancetes teriam sido maquiados para deixar de fora da contabilidade uma parcela do dinheiro que vinha do aluguel.

O relatório do Coaf, ao qual ISTOÉ teve acesso, está nas mãos do MP e da Polícia Federal. Nele, consta que pelo menos R$ 38,5 mil dos R$ 143 mil movimentados pelo laranja Walterson foram repassados por um vereador do município mineiro de Paineiras. Alguém que, em princípio, não tem relação nenhuma nem com a escola, nem com a maçonaria.

O grão-mestre se defende: “Eu alugo o imóvel, mas o que acontece lá dentro eu não sei.” Os denunciantes prometem insistir. “A instituição pode ter alguns segredos, mas não pode extrapolar os limites da lei”, dispara Reginaldo Gusmão, um dos autores da denúncia. Abafado dentro da Grande Loja, o caso irá parar na Justiça pública.

Fonte: Revista Istoé

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