O crescimento da candidata do Partido Verde (PV), Marina Silva, pode ser explicado pela forte presença evangélica no estado do Rio.

A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, ganhou mais de 1 milhão de votos no Estado do Rio de Janeiro em dois meses e empatou com José Serra (PSDB) entre os eleitores fluminenses.

O Rio caminha para, mais uma vez, destoar do resto do país ao votar. O crescimento verde pode ser explicado por um vácuo político em um eleitorado de 11,6 milhões de pessoas –o terceiro do país– bem informado e com forte presença evangélica.

Segundo o Datafolha, Marina tem 22% das intenções de voto no Rio –dez pontos percentuais a mais que em julho e nove pontos a mais que sua média nacional, de 13%–, o que representa mais de 2,5 milhões de eleitores.

No mesmo período, Serra perdeu oito pontos –tem 23%–, o que configura empate técnico com a candidata do PV, estando no Rio oito pontos abaixo de sua média nacional. A petista Dilma Rousseff é líder com 45% –quatro a menos que sua média nacional.

Na cidade do Rio, Marina atinge 24% dos votos contra 21% do tucano. No Distrito Federal, Marina também está na frente de Serra (26% a 23%), mas nos dois casos estão tecnicamente empatados em razão da margem de erro de dois pontos percentuais.

O sociólogo Antônio Lavareda, analista de pesquisas que presta serviços ao Partido Verde, atribui o comportamento de Marina ao “perfil diferenciado” do eleitorado.

“São regiões em que o tamanho relativo das camadas de maior escolaridade e renda –público que não só é mais receptivo a Marina, mas que também a conhece mais– é maior, facultando assim esse crescimento.”

Marina tira votos de Dilma e de Serra, crescendo mais nos segmentos de alta renda e escolaridade. Pesquisa nacional do Datafolha divulgada ontem mostra Dilma com 49%, Serra com 31% e Marina com 14%.

Em 2006, no primeiro turno, a candidata do PSOL, Heloisa Helena, obteve 17,1% dos votos no Estado, mas apenas 6,9% no país. Sua performance fez minguar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, que teve no Rio 28,9% contra 41,6% dos votos no país.

Para o cientista político Cesar Romero Jacob, professor da PUC-RJ e especialista em análise de mapas eleitorais, a viabilidade de Marina depende do voto útil –se Dilma não tivesse deslanchado, ela poderia ter sido depositária dos votos do lulismo.

No atual momento de campanha, ela pode se beneficiar do voto útil dos que veem a candidatura tucana empacada. “Isso pode se tornar um problema grave para o Serra no final da campanha”, diz.

Jacob afirma que há um vácuo político no Rio em razão da desintegração do que chama de família brizolista, aliados e ex-aliados do líder gaúcho que venceram 5 de 7 eleições para o governo do Estado desde 1982.

“Nos anos 2000, ocorre uma crise de hegemonia que abre espaços para um político pós-Brizola como Sérgio Cabral. Justifica, por exemplo, o surgimento de uma candidatura com força como a de Marcelo Crivella, a boa votação de Heloisa Helena em 2006 e agora o crescimento de Marina”, afirma.

O ex-prefeito César Maia, candidato ao Senado pelo DEM, aliado estadual do PV na candidatura ao governo de Fernando Gabeira e nacionalmente alinhado com Serra, aponta outra vertente para o crescimento de Marina: “Ela cresce pelo voto evangélico”. Marina converteu-se à Assembleia de Deus em 1997.

O último Censo apontou que 15% dos brasileiros se dizem evangélicos, mas lideranças religiosas afirmam que os evangélicos no Rio chegam a 25% do eleitorado.

Ao lado do apoio de Lula, o eleitorado evangélico é responsável por manter Marcelo Crivella (PRB) com 40% das intenções de voto ao Senado, apesar de seu pouco tempo de televisão –cerca de 1 min. Crivella tem sua base entre os evangélicos ligados à Igreja Universal, da qual foi bispo.

[b]Fonte: Folha Online[/b]

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