O médico de João Paulo II, Renato Buzzonetti, assegurou que o Pontífice não pediu analgésicos nos últimos dias de vida ou a interrupção dos tratamentos, em entrevista publicada na edição de hoje do jornal Il Messaggero.

“Nunca disse basta”, afirmou Buzzonetti, ao responder se João Paulo II pensou alguma vez em ceder à tentação da eutanásia.

O médico revelou que o Papa, que morreu 2 de abril de 2005, “nunca pediu analgésicos ou outros remédios para aliviar a dor ou dormir melhor”.

“Suportava a dor com uma coragem sobre-humana”, acrescentou.

Sobre a decisão de João Paulo II de não ser hospitalizado uma terceira vez e permanecer no Vaticano após a traqueostomia, o médico explicou que o Papa “tinha compreendido que se aproximava do final e não queria que este chegasse fora de sua casa”.

“Era inteligente suficiente para saber que a batalha estava perdida. Às vezes as batalhas na medicina se perdem”, ressaltou o médico.

Buzzonetti negou a aplicação de tratamentos invasivos em João Paulo II e garantiu ter feito o possível para melhorar as condições do Papa, mas, quando “se vê que tudo está perdido, o médico também deve se render”.

As declarações do médico respondem ao artigo que foi publicado em outubro na revista “Micromega”, nas quais uma anestesista da Universidade de Ferrara, Lina Pavanelli, afirmava que o Pontífice “teve ajuda para morrer”, o que, segundo ela, foi uma aplicação da eutanásia.

Pavanelli afirmou no artigo que os médicos colocaram uma sonda nasogástrica em João Paulo II poucos dias antes de sua morte, quando ele tinha perdido 15 quilos e estava praticamente agonizando.

O tema da eutanásia e o pensamento de João Paulo II foram retomados no sábado por Bento XVI, que assegurou que seu antecessor sempre pediu a cientistas e médicos “que se empenhassem na pesquisa para prevenir e curar as doenças da velhice, mas sem cair na tentação de recorrer a práticas para abreviar a vida dos idosos e doentes, que resultariam de fato em formas da eutanásia”.

Fonte: EFE

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