Uma cristã, mãe de uma menina de 12 anos que foi sequestrada, coagida a se converter ao islamismo e obrigada a se casar com um muçulmano de 37 anos, espera recuperar sua filha em uma audiência.

A reação das autoridades paquistanesas em relação às denúncias de Sajida Masih – de deboche, dizendo que não há nada que ela possa fazer porque sua filha é uma muçulmana agora – mina a esperança dela recuperar sua filha, Huma.

Sajida conta que Muhammad Imran sequestrou Huma a mão armada no dia 23 de fevereiro, e a forçou a se converter ao islamismo e a se casar com ele. Desde então, Imran desapareceu com sua primeira esposa, seus três filhos e com sua nova esposa de apenas 12 anos.

Sajida, que trabalhava na mesma fazenda de Imran, conta que o sequestro aconteceu no dia do casamento de seu filho. A mulher disse que quando mandou a menina ir, com a tia, ver se o carro que as levaria para a cerimônia havia chegado, Imran – que havia ajudado nos preparativos do casamento – estava esperando pela menina e falou para ela subir na garupa de sua moto.

Huma não entendeu o que estava acontecendo, segurou a mão de sua tia com força, e disse que não iria.

O advogado de Sajida, que pediu anonimato por questões de segurança, disse que Imran sacou uma pistola e falou para Huma que atiraria nela e em seus pais se ela não o obedecesse; o homem também apontou a arma para a tia da menina e disse que a mataria também. Huma, então, subiu em sua garupa e nunca mais foi vista por sua família.

Sajida foi direto falar com Khan Buhadur, dono da fazenda onde ela e Imran trabalhavam, que disse para que ela terminasse o casamento de seu filho e fosse vê-lo à noite. O advogado da cristã disse que quando ela e os parentes procuraram Khan após a cerimônia, ele disse apenas que Imran havia fugido com sua família e a menina, e que não sabia dizer o paradeiro deles.

Suspeitando que o dono da fazenda estivesse envolvido com o sequestro, Sajida foi até a delegacia de polícia em Gujranwala. Primeiro os policiais debocharam dela, conta o advogado, e depois disseram que era para ela voltar e falar com Khan porque “somente ele poderia fazer alguma coisa”. Por muitos dias, os policiais e Khan fizeram com que ela ficasse indo e vindo sem resolver nada.

Incapaz de fazer com que a polícia registrasse a queixa, Sajida procurou um advogado e levou uma petição para a delegacia. Os policiais jogaram a petição na lixeira.

Três dias após o sequestro, a polícia finalmente registrou uma queixa no dia 26 de fevereiro – mas mudou a idade da menina sequestrada de 12 para 16 anos. Depois, o investigador Niaz Khan disse a Sajida que a queixa era inútil porque ela era muito pobre para contratar um advogado e que deveria tentar um acordo extrajudicial com Imran – e deu a entender que sabia do paradeiro da menina.

Um amigo de Imran identificado apenas como Javed contou para a família Masih que Huma havia se convertido ao islamismo e casado com o homem, que já era pai de três crianças. Javed ainda disse a polícia não faria nada porque Imran havia pagado 620 dólares à família da menina.

O advogado conta que logo após receber notícias da menina, a família recebeu uma notificação do tribunal, comunicando que Imran havia entrado com um pedido de anulação da queixa pelo sequestro de Huma, argumentando que ela era uma adulta e havia se convertido ao islamismo e se casado com ele por vontade própria.

De acordo com a certidão de nascimento de Huma, arquivada na Igreja Católica de São José em Gujranwala, a menina nasceu no dia 22 de outubro de 1996. O advogado disse que Imran falsificou uma certidão dizendo que a ela nasceu em 23 de dezembro de 1990, o que a faria ter 18 anos. A idade legal para casamento no Paquistão é de 16 anos.

Só depois de receber a notificação do tribunal foi que Sajida entrou em contato com o advogado que toma conta do caso e que é pago pelo Centro Americano de Lei e Justiça.

Uma audiência foi marcada no dia 6 de maio, mas por causa da mudança de um juiz, ela foi adiada para junho. A família e o advogado não quiseram esperar e foram com um oficial de justiça até a fábrica de Khan Buhadur em Gujranwala no dia 14 de maio, na esperança de reencontrar a menina, mas o homem não quis cooperar.

Buhadur está cobrando de Sajida uma dívida de 1.240 dólares, que a mulher supostamente pedira emprestado, mas a cobrança só foi feita depois do sequestro de Huma – o advogado acredita que a cobrança é na verdade uma tentativa de extorquir dinheiro em troca de informações sobre o paradeiro da menina. Khan relaxou a cobrança depois da visita do oficial e dos esforços do advogado.

Em uma reunião de moradores no dia 16 de maio, Khan disse que Imran devia dinheiro a ele e que por isso informaria aos policiais o paradeiro da menina, se soubesse de alguma coisa.

Outro proprietário de terra, Karamat Ali Saroyya, mandou chamar Sajida e disse que Huma estava em Muridke, próximo a Lahore, mas quando a mulher e seu advogado foram até a polícia de Muridke, não conseguiram achar a menina.

Depois disso, Karamat exigiu que Sajida trabalhasse durante um ano em seu campo para conseguir sua filha de volta.

O advogado da família Masih e outros representantes legais disseram que a polícia e os funcionários da prefeitura que lidam com as certidões de nascimento e óbito, têm sido relutantes em ajudá-los, pois dizem que Huma se converteu ao islamismo e não há motivos para devolver a menina aos pais não-muçulmanos.

Fonte: Portas Abertas

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