Quase metade dos professores, que comemoram nesta quarta-feira (15) o seu dia, acredita que educação piorou nos últimos anos. Apesar do cenário negativo, mais de 60%, tanto da escola pública quanto da particular, acreditam que essa situação vai melhorar.
Este é um dos resultados da pesquisa “A Qualidade da Educação sob o Olhar do Professor”, da Fundação SM e a Organização dos Estados Ibero-Americanos. Mais de 8 mil professores em 19 estados participaram do estudo que investigou a opinião dos docentes sobre vários aspectos do processo educacional.
“A gente não consegue entender nenhum processo de desenvolvimento da educação sem envolver o professor nessa reflexão, porque ele é o agente transformador. Existe uma percepção do professor de não se sentir ouvido ou envolvido nesse processo”, diz Igor Mauro, diretor geral do Grupo SM.
Tempo de carreira x pessimismo
Segundo a pesquisa, quanto maior é o tempo de carreira desse professor, maior é o seu pessimismo. Entre os que têm de 21 a 30 anos de carreira, 52,4% acreditam que a qualidade da educação está pior. Entre os que tem mais de 30 anos de carreira, esse percentual sobe para 65,6%.
Para o presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Roberto Leão, os professores mais antigos perdem a esperança porque não enxergam solução para problemas que já existem há muito tempo e nunca são resolvidos.
“Mas nós [CNTE] acreditamos que a escola pública pode melhorar e muito. Ela tem material humano pra isso, pessoas com vontade. Ela só não está numa situação pior porque se sustenta na determinação dessas pessoas que estão lá dentro e enfrentam todos as dificuldades, se esforçam para ensinar”.
Futuro para recém-chegados
Por outro lado, são os professores recém-chegados às escolas os que mais acreditam em um futuro melhor para a educação no Brasil: 65,6% entre os que possuem até três anos de experiência. “É um bom sinal de que temos novas pessoas com disposição para lutar”, avalia Leão.
A professora Fernanda Rocha Gay, 29, é um exemplo dessa disposição. Formada há três anos, assumiu recentemente a coordenação da Escola Classe 415 Norte, em Brasília. Para ela, os professores com menos tempo de carreira acreditam mais na mudança porque não estão “submersos nas frustrações”.
“Você ainda está cheio de energia, quer mudar. E eu espero [continuar] com essa vontade. A educação já está melhorando, até pelas próprias mudanças de conceito. A proposta pedagógica da Secretaria de Educação daqui é inovadora, já pensa na criança fazendo seu próprio conhecimento”.
Fernanda acredita que o trabalho do professor é “muito sério” porque tem conseqüência direta e interfere na vida de uma criança, mas essa importância não é reconhecida pela sociedade.
“Para algumas pessoas, parece que ser professor é um subemprego. Até o curso de pedagogia dentro da universidade é um pouco discriminado. O professor já teve uma importância grande e foi perdendo isso porque o mercado valorizou outras profissões. Mas eu acredito que isso vi mudar”.
UOL Educação