Nas denúncias que embasaram o pedido de prisão preventiva do pastor Marcos Pereira, o promotor o classificou como um homem “capaz de fazer as coisas mais baixas e sempre se aproveitando da sua condição de líder maior da Igreja”.

O promotor Rogério Lima, da 8ª Promotoria de Investigação Penal do Ministério Público do Rio de Janeiro, que redigiu as duas denúncias que embasaram o pedido de prisão preventiva de Marcos Pereira, pastor da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, o classificou no texto como um homem “depravado, degenerado, pervertido sexual, capaz de fazer as coisas mais baixas e sempre se aproveitando da sua condição de líder maior da Igreja”.

A reportagem do UOL teve acesso aos documentos que sustentaram o pedido de prisão do pastor no dia 25 de abril, o que acabou ocorrendo na noite de terça-feira (7), na rodovia Presidente Dutra, em São João de Meriti, Baixada Fluminense.

“O denunciado tinha autoridade sobre *****, pois era o pastor e presidente da igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Ademais, ***** o tinha como o seu líder espiritual, em quem acreditava e a quem seguia com fervor. […] Pelos relatos das testemunhas, principalmente das mulheres, verifica-se que estamos diante de um verdadeiro depravado, degenerado, pervertido sexual, capaz de fazer as coisas mais baixas e sempre se aproveitando da sua condição de líder maior da igreja”, diz o promotor.

Pereira está preso desde quarta-feira (8) no Complexo de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro. Seu advogado Marcelo Patrício pediu um habeas corpus ao Tribunal de Justiça, mas até as 14h30 desta quinta-feira a decisão ainda não havia saído.

“Meu cliente é inocente. Não tem coerência a Justiça decretar em 2013 prisão preventiva por crimes supostamente cometidos em 2006 e 2009. Além disso, na época vigorava a antiga lei de estupro. O crime era uma ação penal privada, e as vítimas tinham seis meses para denunciar. Mesmo se ele fosse culpado, os crimes estariam prescritos. E os inquéritos não têm laudo, exame de corpo de delito, nada que prove a violência sexual. São baseados apenas em depoimentos de mulheres que saíram da igreja. Essa prisão é absurda”, disse o advogado Marcelo Patrício, acrescentando que o pastor está sendo vítima de “perseguição religiosa”.

O MP pediu a prisão preventiva de Pereira por considerar que há prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, e para garantir a ordem pública, conveniência da instrução criminal e segurança da aplicação da lei penal. O pastor foi denunciado por dois estupros com uso de força física e atentado violento ao pudor e, caso seja condenado, poderá ficar até 20 anos na prisão.

“Por esta razão, havendo dados concretos de que o denunciado continuará praticando violência sexual contra as mulheres que vivem em sua igreja, o Ministério Público opina pelo acolhimento da representação da autoridade policial para decretar a prisão preventiva do denunciado”, pediu o promotor Rogério Lima.

Para o promotor, a existência do crime pode ser comprovada por meio de todos os depoimentos das mulheres que sofreram violência sexual, “bem como daqueles que deixaram a igreja e relataram os absurdos ocorridos dentro dos seus muros”.

“O relato das outras mulheres é estarrecedor. Revela de forma clara que o denunciado é maquiavélico, de uma pobreza de espírito sem tamanho, só para conseguir dar vazão aos seus instintos sexuais. Se identificando com um “Homem de Deus”, praticou uma série de crimes sexuais contra aquelas que procuraram a sua igreja em busca de ajuda espiritual. Conduta vil, torpe”, relata o documento.

Uma das denúncias traz o relato de uma das mulheres, que conta que o pastor a privava de material de higiene, caso ela se recusasse a manter relações sexuais com ele.

“Todas as mulheres vítimas do denunciado viveram na sua igreja por alguns anos. Elas viviam em função da igreja presidida pelo denunciado. Moravam nos alojamentos existentes na igreja. Eram dependentes materialmente e emocionalmente do denunciado. E para aquelas que se recusavam a ceder aos seus instintos bestiais, o denunciado as ameaçava de despejo, de morte fora da igreja”, diz o texto da denúncia.

[b]Fonte: UOL[/b]

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