Delegação da Federação de Entidades Religiosas Evangélicas da Espanha (FEREDE), encabeçada pelo secretário executivo Mariano Blázquez, visita a Argentina, de 20 a 30 de outubro, a convite da Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da República Argentina (ACIERA) para explicar o “modelo espanhol” de relações das igrejas com o Estado.

Para o presidente da ACIERA, Rubén Proietti, a visita “oferecerá a oportunidade de examinar o ‘modelo espanhol’ num momento muito oportuno nas relações das igrejas evangélicas com as instituições do governo na Argentina”.

Na Espanha, as relações das igrejas evangélicas com o Estado passam por um estágio “agridoce”, conforme a lente que se olha. Para o grosso das igrejas evangélicas do país, a maioria fundamentalista de caráter carismático-“evangelical”, sem raízes históricas, que devem sua homologação na nomenclatura evangélica e reconhecimento jurídico-legal à FEREDE, a situação é “perfeita”, “razoavelmente positiva”.

Já para os setores críticos, receosos ou contrários à aceitação de subvenções do Estado, a inopinada irrupção da Aliança Evangélica Espanhola (AEE) em cena num terreno alheio ao seu ideário doutrinal, e com a posição contrária ao modelo de financiamento proposto pelo governo – de taxa de 0,7% sobre a renda declarada do contribuinte – propiciam crescente apoio à linha de atuação do realismo político razoável de Mariano Blázquez à frente da FEREDE.

Ainda é longo o caminho a ser percorrido na Espanha rumo à laicidade, num Estado em que a população católica praticante caiu 20%, um percentual semelhante ao de jovens que se declararam ateus no País Basco.

Em seu objetivo de impulsionar a desejável laicidade do Estado, fontes do Partido Socialista Obreiro Espanhol, no poder, não ocultam o desejo ardente de que as confissões minoritárias fossem menos condescendentes com as migalhas governamentais e mais reivindicativas frente aos privilégios descomunais da Igreja Católica.

Ainda segundo essas fontes, nas duríssimas negociações com a hierarquia católica, o governo do presidente José Luis Rodríguez Zapatero lamentaria o conformismo e a desmobilização de confissões minoritárias satisfeitas com as migalhas e incapazes de reivindicar seriamente a paridade de tratamento dado à Igreja Católica num Estado laico. A estratégia de Blázquez à frente da FEREDE, no entanto, é a de ir conquistando pequenos avanços, um a um.

Fonte: ALC

Comentários