O caso aconteceu duas vezes consecutivas com a estudante francesa muçulmana Sarah, de 15 anos, na escola Léo-Lagrange de Charleville-Mézières, no norte da França.

Ao chegar no portão do estabelecimento, a garota foi barrada porque usava uma saia muito longa. E duas vezes, impedida de chegar à sala de aula, Sarah fez meia-volta, tomou um ônibus e um trem, e retornou para casa, a 25 km da escola.

[img align=left width=300]http://www.portugues.rfi.fr/sites/portugues.filesrfi/imagecache/rfi_43_large/sites/images.rfi.fr/files/aef_image/jupe_1.jpg[/img]A direção do estabelecimento indicou que várias meninas, entre elas, Sarah, começaram a chegar à escola vestindo saia longa. O “movimento”, de acordo com o estabelecimento, seria uma revolta contra a proibição recente do véu muçulmano no local. “Uma provocação assumida”, classificou a direção, que resolveu barrar também qualquer vestimenta ou objeto que seja relacionado à religião.

A família de Sarah, acostumada com os relatos da garota que retira, todos os dias, o véu na entrada do colégio, foi “advertida” que a saia longa representa “um problema”. Sarah diz que usa saia quando faz calor; o resto do ano, como a maioria de suas colegas, ela prefere ir à escola vestindo calça jeans. “É injusto. Não é uma razão válida para me proibirem de entrar no colégio”, protesta a adolescente.

[b]Nenhuma lei proíbe nenhuma saia[/b]

A lei francesa de 15 de março de 2004 prevê, efetivamente, a proibição de símbolos religiosos franceses no ensino público do país, que preza a laicidade. “Mas até onde uma saia pode ser símbolo da fé muçulmana?”, pergunta o jornal francês Le Monde, que traz a polêmica na capa de sua edição desta quarta-feira (29).

O reitorado da academia de Reims, que rege a escola onde Sarah estuda, ressalta, no entanto, que nenhuma lei proíbe “por princípio” o uso de saias longas, mas que o contexto pode explicar a decisão da escola Léo-Lagrange. Ontem, o ministério francês da Educação indicou que é a “combinação entre a vestimentária e a atitude que resulta no desrespeito da lei”.

[b]Movimento nas redes[/b]

O caso de Sarah e suas colegas no norte do país não é inédito. De acordo com o Coletivo contra a Islamofobia na França (CCIF), uma centena de meninas recorreu à organização nos últimos tempos com histórias similares. Mas, na maioria das vezes, os casos não vêm a público porque as garotas preferem não inflamar a discussão.

Neste mês, a hashtag #JePorteMaJuppeCommeJeVeux (em português, Uso minha saia como eu quiser) está entre as mais utilizadas no Twitter. Se Sarah e suas colegas não podem mais usar saia longa na escola de Charleville-Mézières, na plataforma, elas ganharam um forte apoio do mundo inteiro.

“Se a saia é muito curta, cospem na gente. Se ela é muito longa, você é barrada. Deixem-nos em paz!”, escreveu uma internauta. “Se quiserem saber se você é religioso ou não, não olhem no fundo do coração das pessoas, mas de seus armários”, ironizou uma outra garota em um tweet.

A escola da adolescente, no entanto, não pretende rever a decisão. Ao contrário, lançou uma operação de “sensibilização à laicidade” em cada turma do estabelecimento com uma explicação “do que é ostentatório e o que não é”, diz a direção. A escola também informou que não pretende expulsar nenhuma das meninas envolvidas no caso.

[b]Fonte: RFI[/b]

Comentários